Priberam | Comentários

Priberam » Palavra do dia

30 novembro 2010

Diálogo: exercício 6!

Olá a todos,

Finalmente consegui arranjar um tempinho para colocar aqui o post da última aula...isto de ser final de 1.º período tem muito que se lhe diga...enfim...aqui vai...


Escolhi a opção 2, de acordo com as opções que o prof. deu na aula, que era aquela em que "ele está divertido e ela genuinamente arrependida do atraso":

Tinham combinado ir ao cinema, mas ela estava atrasada, como sempre. No entanto, ele esperava pacientemente, sentado no sofá do hall do cinema e devorando um balde de pipocas deliciosamente calóricas! Ela chega muito apressada e com um ar muito arrependido, diz:
— Estou super atrasada, desculpa!
— A sério!- brinca ele - Estás? Não tinha reparado!
— Não gozes! Claro que reparaste!
— Sim...mas de certeza que ainda vamos a tempo!- ironiza ele.
— Demorei muito tempo, desculpa, é sempre a mesma coisa...nunca consigo chegar a horas!
— Oh, deixa lá...não te chateies com isso agora!
— Pois, pois...estou farta de ser assim!
Ele encolhe os ombros e diz:
— Então muda, basta quereres!
— Não é assim tão fácil, sabes bem! Mas que raios, tu nunca te enervas?
— Para quê? Vais deixar de chegar tarde, se me chatear?

Venham os comentários de quem os quiser fazer...e espero que amanhã o jantar possa ser produtivo em muita escrita!

Até amanhã (assim o espero)
Ana

29 novembro 2010

Jantar - The final countdown!

camaradas!

é já amanhã, e a votação está 5/4 (a favor do alentejano). só que eu esqueci-me de votar, e o meu voto vai para o chinês. pelo que proponho o seguinte:

ajuntamento no drink's (junto ao conservatório de música, parque infante d.pedro) pelas 20h30, com a tolerância do quarto de hora académico. como só interessa quem está (assim diz o povo), uma vez reunidos, decidimos onde se janta. a escolha para um segundo jantar (eventualmente no seguimento da última aula) fica automaticamente feita.

resumindo: ajuntamento no drink's - 20h30 (tolerância de 20 minutos)


uma vez todos reunidos: escolhemos o local do repasto, e iremos para lá (proponho que a pé, não obstante o frio e a chuva).

nota 1: quem prevê chegar depois das 20h45 é favor mandar-me um e-mail com número de tlm e preferência de restaurante (nacional ou oriental).

nota 2: levar uma esferográfica ou um lápis

27 novembro 2010

Amor e Fuga em Auschwitz

Um amor numa esquina furtiva
de arame farpado, um delírio
que liga o amor apenas trocado
entre as mãos e os olhos
no rumo da noite, no bosque do céu
ramos de estrelas
cobrirão nosso rasto.


11/8/2010


João Tomaz Parreira

A poesia de Hart Crane

Esquecimento

Esquecimento é como a canção
Que, livre de ritmo e medida, flutua
Esquecimento é como a ave cujas asas se encontram,
Distendidas e imóveis, --
Uma ave que rodeia o vento infatigável.



Esquecimento é chuva nocturna
Ou uma velha casa na floresta, -- ou uma criança.
Esquecimento é branco, -- pálido como a árvore desolada
E pode enganar as profecias da Sibila
Ou sepultar os deuses.


Eu posso lembrar muito esquecimento.



Trad. de João Tomaz Parreira

O poema original: http://www.americanpoems.com/poets/Hart-Crane/3647

20 novembro 2010

Diálogos - parte 2

Estive a pesquisar, e descobri que há três sistemas para grafar os diálogos:

1) francês
2) espanhol - italiano (usado em portugal)
3) inglês

Consultar: travessões ou aspas



Descobri também, finalmente!, a forma canónica de grafarmos os diálogos, e possíveis variações, usadas por autores contemporâneos.

Consultar: ciberdúvidas da língua portuguesa

1) Sobre diálogo e pontuação

2) Pontuação no discurso directo

3) Pontuação com aspas, outra vez

4) As aspas, outra vez

5) O ponto final antes ou depois das aspas

Uma tradução arriscada de e.e.cummings

gosto do meu corpo quando estou com o teu
corpo. é algo completamente novo.
Músculos melhores e mais vigor.
gosto do teu corpo. gosto do que faz,
gosto dos seus modos. gosto de sentir a espinha
dorsal do teu corpo e seus ossos, e o tremer
constante-tranquilo que
outra vez e outra e outra ainda
beijarei, gosto de beijar-te aqui e ali,
gosto, de afagar lentamente a indecorosa penugem
da tua pele eléctrica, e isso que vem
sobre a carne despida … E os grandes olhos amor em migalhas,

e gosto talvez do calafrio
que me passa de ti absolutamente novo


e.e.cummings (De XLI Poems, & (and) 1925)


Tradução de João Tomaz Parreira para o blogue da poeta brasileira Virna Teixeira

New York Movie, para Hopper

A arrumadora divide
pelas filas
os olhos
faz sentar
fantasias


depois
comparte seus
pensamentos
com os dedos


espera
mais ninguém
nas escadas


Move-se a cena
enquanto
na atmosfera escura
do cinema


as estrelas tremem
por trás
de lágrimas.


(c) João Tomaz Parreira

19 novembro 2010

Dicas para ser mais criativo


  • Nunca se contente com a primeira idéia que lhe ocorrer. Busque outras para, entre muitas, escolher a melhor 

  • Não se acomode. Sempre existe uma maneira de fazer melhor, mais rápido ou com menor custo aquilo que você já faz. Se você não pensar nisso, alguém irá pensar

  • Seja curioso. Evite reproduzir tarefas mecanicamente. Busque as causas, os porquês, as implicações. Muitas idéias surgem daí

  • Idéias não saem do nada. Associe, adapte, substitua, modifique, reduza. As combinações são infinitas

  • Não acredite em bordões como "isso nunca vai funcionar" ou "em time que está ganhando não se mexe". O novo sempre assusta. Toda idéia tem de quebrar resistências

  • Tenha iniciativa. Muitas boas idéias acabam no fundo da gaveta porque seus autores não tomam a decisão de mostrá-las aos outros

  • Ouça os outros. Principalmente se eles pensam diferente de você. As idéias se
    desenvolvem com a divergência

  • Faça de vez em quando coisas que contrariem seus hábitos, no trabalho ou no lazer. Por exemplo: se você gosta de filmes de ação, assista a um drama romântico. Se é fã de rock, tente o jazz. Sair da rotina é sempre estimulante para o cérebro

fonte » e-mail (forward, autor desconhecido)

Diálogos - parte 1

A pontuação dos diálogos

— Frase — disse...

— Frase? — perguntou...

— Frase! — exclamou...

— Frase... — ponderou...

— Frase — disse —, continuação da frase...
(a vírgula é sempre depois do travessão).

— Frase — disse. — Nova frase.

A pontuação dos Pensamentos

"Pensamento".

"Pensamento?".

"Pensamento!".

"Pensamento...".

segundo e-mail do docente

18 novembro 2010

Jantar Convívio

Dia 25 de Dezembro


Terça-feira jantamos todos juntos; e quarta-feira é feriado! Fica combinado encontrarmo-nos às 20h00 no local do crime.

Falta agora decidir qual restaurante; há duas sugestões:
1) Monte Alentejano
2) Chinês (junto à Royal School)

Manifestem-se! Reparem na sondagem, ali no canto superior direito.

Podemos levar convidados. O colega de blogue, J. T. parreira, é - obviamente - presença imprescindível entre os comensais.

ex.6 » diálogo

Na penumbra do corredor, à porta da sala de cinema, ele olhava o telemóvel, impaciente: o filme começara há vinte minutos. Escreveu nova SMS, que, mais uma vez, apagou sem a enviar. Ei-la que chega, galopante:
— Chegaste outra vez atrasada! O filme já começou — atirou-lhe, ríspido, apertando o telemóvel na mão.
— Eu sei, amor, desculpa. O carro avariou de novo...
Salomé encostou-se ao namorado, tentou beijá-lo, mas ele permaneceu imóvel: uma estátua de ferro, os olhos cravados nos dela, com força suficiente para os furar.
— Ai sim? E o que foi desta vez?
— Foi o TomTom, apagou-se... — respondeu, numa voz mimosa, afastando-se sem descolar o olhar do dele.
— Apagou-se?
— Sim, apagou-se, sei lá! Ficou tudo negro...
— Negro?!
— Sim, negro!
— E deitou fumo?
— Fumo, o quê? Não, estás doido?
— Cheiras a tabaco...
Salomé engoliu em seco.
— Olha, estavam a fumar, que queres?
— Estavam, quem? Na sala de espera da residencial?
— Fiquei sem saber o caminho! Passei meia hora às voltas... foi horrível!
— Às voltas? Ou às cambalhotas?
Salomé espreitou o relógio de pulso, nervosa; ele enfiou as mãos nos bolsos do casaco.
— O filme, já começou? — retomou ela, num tom calmo, nitidamente fingido.
— Se já começou? Acho que há umas duas ou três semanas.
Salomé e o namorado olhavam-se, sem pestanejar:
— Ai sim?... E já sabes o final?
— Sei. Ela morre.
Salomé pressentiu que ele sabia muito mais do que aquilo que dizia; desviou o olhar para o cartaz do filme:
— Ela morre? A Júlia Roberts? — perguntou, num tom nublado.
— Não. A puta.
Virou-se para ele, ofendida:
— A puta? Mas qual puta?!
— Tu!
— Eu?! Mas estás parvo ou quê?!
Voltavam a medir forças, com o olhar. Ele pousou-lhe a mão direita no ombro:
— Aposto que não é só o cheiro do tabaco que tens impregnado na pele...
Com o polegar, afastou-lhe o colarinho da camisa, revelando-se uma marca avermelhada no pescoço. Salomé sacudiu-lhe a mão, com brusquidão. Recompôs-se; contra-atacou:
— És um manso! Que querias que fizesse?
— Queria que soubesses esperar.
— Esperar o quê? Que casássemos?
— Não! Que esperasses.
— Que esperasse?! Mas não sabes dizer outra coisa?!
— Não tenho mais nada a dizer-te.
Pegou na mão direita dela, o dedo indicador cariciou-lhe ao de leve o anel e esvoaçou.
— Amanhã recebes o telefonema; por causa da viagem. Adeus! — rematou, afastando-se em direcção à saída.
— Telefonema? Mas qual viagem?! Espera!
Salomé ainda iniciou o gesto de lhe seguir no encalço; mas, mesmo antes de pousar o pé no chão, apercebeu-se de que, no corredor sombrio, ladeado por duas filas de ínfimos pontos de luz azul, apenas o coração dela pulsava... cada vez mais ténue, cada vez mais afundado naquele abismo onde, a cada relacionamento falhado, se perdia sem que ninguém a percebesse — ou se importasse.

novembro de 2010

banda sonora » anouk - lost

ex.6 » diálogo

— Então, Maria, já? Olha que ainda falta muito para a última sessão...
— Ai, Manel, tu perdoa-me! Tive um problema na charrete, nem te conto!
— Deixa-me adivinhar: um dos cavalos teve uma indisposição. Também com o perfume que usas, não me admira...
— É, é. Oferecem-me perfumes da feira, dá nisto. Mas, diz-me, o filme já começou?
— Sim, neste momento o herói já deve ter convidado uma das protagonistas para ver a colecção de selos que ele tem em casa.
— Olha que bom! O que eu precisava agora era dum herói desses, que me levasse... e me mostrasse...
— Não seja por isso, querida! Levo-te pra minha casa; o meu carro até funciona... E mostro-te, sei lá... a minha colecção de cotonetes usadas!
— Ai, que romântico! Como pode uma mulher resistir a um convite desses?
— Vamos então, Senhora?
— Com certeza, Cavalheiro. Sem demora!

maio de 2010

17 novembro 2010

Atrasos!!!!



- Bem, Lena, o filme é para hoje ou para amanhã?
- Claro. Já estou a caminho.
 -E o caminho vai levar o tempo do costume?
- Estou a ir, que coisa, que feitio!
- Sabes muito bem do que estou a falar.
  Não quero fazer as figuras do costume.
  Começa toda a gente a deitar aqueles olhares!
- E eu ralada. Cada um chega à hora que pode!
- Mas o que eu posso pagar de bilhetes, dá-me direito ao filme inteiro.
  Anda lá, despacha-te. Um dia todo em casa e não tomas horas!
  Sim, sim, tiveste cabeleireiro e esteticista e a voltinha das compras!
-  Olha, tive muito que fazer e ainda tive de ir  ao cabeleireiro!
- Então hoje não era o teu dia zen, isolada de tudo?
- Era, quer dizer, foi, mas tive coisas, chatices.
- Uma tardinha de praia em boa companhia agora é uma chatice?
  - Só fui tomar um café à Costa Nova para relaxar!
- Minha menina, o meu irmão que espere por ti, nas dunas!
- Francamente, Nuno! NUNO, deixa-me explicar!

- Vera, vamos entrar, já são horas!
                                             
                                         

16 novembro 2010

CORTES

VENCIMENTO
   ENCIMENTO
   NCIMENTO
   CIMENTO
   IMENTO
   MENTO
   ENTO
   NTO
   TO
   O

  Ó!
Onde andas, Lobo, que não comentas?

15 novembro 2010

MicroConto

Apagou o quadro, atirou com a pasta, parodiou a notificação do processo disciplinar. Sentou-se e aposentou-se.

Odisseias- Alguns Espectros



Plaqueta de J.T.Parreira

Penélope


Guia o fio da teia
Penélope
com ele tece ao sol o ausente
corpo de Odisseu
sob a prata do luar
torna ao início
desmancha e guia
o fio do sol até ser Ítaca
no horizonte
apenas uma linha
e os vestígios do amor
Penélope elimina
afaga a noite
o que a saudade fia.


Calipso

O paciente Ulisses afunda nos cabelos
da ninfa a sua mão, enquanto Atena
calça os pés
com rajadas de vento e sobre o mar
brilhante vai a Ítaca.



As viagens contadas

Nada disse Ulisses à mesa de Alcínoo
só através do velo
da imaginação.


Os Tormentos que Ulisses viu


Sisífo
A pedra sombria e sem vergonha
uma nuvem densa, cheia
mineral, empurrada a ambas mãos
de Sísifo
até ao cume onde primeiro
os olhos chegam
que o exausto coração.


Tântalo
Como se fosse repentina
névoa, a fugir do chão
a água do lago sublevada
mais a sede vinha e a fronte
de Tântalo se abaixava
- dizia Ulisses a Alcínoo
que um deus tudo secava.



© João Tomaz Parreira

14 novembro 2010

Vistas do meu carro

O português puro tem um sítio próprio para exercer o poder- a bomba de gasolina.
Chega, de carrito ou de carrão,  ocupa a bomba de trás, de modo a que ninguém mais possa abastecer. O veículo fica sempre a obstruir  a faixa, para que ninguém ouse passar para a bomba da frente. Ó ultraje!
Não paga em dinheiro, mas sim com cartão, para que o reino dure mais uns bons minutos.
Vai tomar um café e discutir futebol.
Os que estão na fila, e que fariam exactamente o mesmo, começam a buzinar e a dar largas aos conhecimentos de língua portuguesa que têm, que se resumem aos substantivos merda, filho(a) da p_ _ _,e ca_ _ _ _o, ao verbo fo_ _ _ e ao adjectivo verbal fo_ _ _ _! Também usam imperativos com base no léxico básico acima!
A fila já vai longa e entram as “esposas” dos ditos, com conhecimentos linguísticos um pouco mais desenvolvidos, que já incluem as orações condicionais e um grande grau de vidência, provado pelo “ O que tu queres sei eu!”.
Abasteça em Espanha se se quiser poupar a este suplício, ganhando tempo e dinheiro!
Se sobreviveu, conte com outro fenómeno- os engarrafamentos por curiosidade mórbida e uma nova modalidade- observar os movimentos de máquinas de desaterro em terrenos próximos da auto-estrada. Os ingleses têm o bird-watching, os portugueses descobriram as delícias do caterpillar-watching. Não há horários a cumprir que os detenham.
Evite as estradas portuguesas- só se lá morre uma vez, mas suportar o descrito e, com pressa, lembra-nos o velho ditado: “ Mais vale a morte que tal sorte.”
E já agora, lembre-se de que tem cinco dias úteis para pagar as CCUT, sob pena de ter snail mail , com cumprimentos do Estado!


Best Homework Excuse Ever


deviantART » by Inonibird

13 novembro 2010

Aleção

E TINH'RRAZÃO
(Alexandre O'Neill, 1962)
Anda, meu Silva, estuda-m'aleção,
vêsse-te instruz, rapaj, qu'ainstrução
é dosprito upão!
Ou querch ficar pra sempre inguenorantão?


Poin os olhos no Silva do teu irmão.
Penssas talvês que não le custou, não?
Mas com'é qu'êl foi pdir aumentação
au patrão?
E tinh'rrazão...

E diz a Fátima, farta da nova Educação:
  E diz o Silva inguenorantão: Pra queide eu estudar aleção?
  Sei qum quilhómetro mede o electrão
  A gaja temdeme dar a tradução
  De línguas falo a de cão
  Plo mano ao lado copio a ecoassão
  Eu num quero e o papel té vem da Direcção!
  Num á osprito, chega circo e pão!

12 novembro 2010

NanoConto IV

NanoConto  IV

Tinha agenda,
Tinha alertas,
Tinha timings
Tinha dias,
Meses,
Anos.
Não tinha
Tempo
Para agendas
Para alertas
Para timings
Para anos,
Meses,
Dias.

Apesar de terem chegado
a tempo.
Escolheu
Ter tempo!


12/11/2010
Fátima Pais

Exercício 5: descrição da vida secreta de um colega de curso!

Eram nove horas em ponto e a sala estava cheia. A sessão ia começar. Demos as mãos e dissemos as palavras habituais. O espírito começou a entrar aos poucos no corpo da médium . Era uma transformação digna de um Óscar. "De todas as sessões que tinha assistido, esta era sem dúvida a melhor. Finalmente, tinha conteúdos interessantes para escrever no artigo! Era bom que tivesse, se não, o chefe matava-me!", pensei, aliviada.
Quando me voltei para a médium, reparei que revirava os olhos e falava com uma voz grossa e máscula. As duas velhotas que estavam ao meu lado, choravam agarradas uma à outra e diziam:
- É ele! O nosso querido filho está aqui!
Entretanto, só pensava no belo serão que estava a perder na companhia das minhas pipocas e do Johnny Depp.

Exercício 4- A insónia!

Olá a todos,

Tenho andado menos assídua nos meus posts...mil desculpas, mas tendo sempre tantas tarefas em mãos que por vezes torna-se complicado, chegar a todo o lado da mesma forma! De qualquer forma, estou sempre atenta aos vossos posts, tão inspirados e inspiradores! Parabéns a todos, menos aqueles que não conheço pessoamente!

O exercício 4, realizado na aula do dia 3 de Novembro, foi particularmente interessante, ainda que tendo  já lido o texto da Fátima, me tenha de certa forma inspirado nele, quando escrevi o meu! Thanks Fátima! De qualquer forma, não o consegui escrever na 2.ª pessoa, talvez porque me parece mais interessante do ponto de vista da 3.ª- ela a noiva!

 Aqui vai ele:
Ela não podia a acreditar! Estava tão nervosa que tinha de ir à casa de banho pela milésima vez!  Lá ia ela a abrir o frigorífico outra vez. Apetecia-lhe comer uns docinhos e beber um chocolate quente, ou será que era só gula!? Tinha jantado um bela sopa, uma saladinha e fruta. A nutricionista tinha sido bem clara quanto à dieta rigorosa para caber no vestido.  Nos últimos dias só pensava em doces e as noites pareciam-lhe intermináveis! Tinha sempre o  mesmo pesadelo de que algo a  impederia de casar!

"E o vestido? "Será que ainda estava na caixa?" Foi verificar. Sim, estava tudo em ordem, menos as luvas e a liga! Era a tragédia, o caos - mas que raiva- onde terei metido as luvas e a liga?"  Procurou por todo o lado, mas o cansaço acabou por vencê-la. "Era o fim, já não se ia casar!",  pensou.  As luvas e a liga tinham desaparecido e pensando bem aquele vestido também não a favorecia, e o bolo também era muito simples. Ia mudar tudo, tinha ideias novas, mais interessantes e criativas! Para além disso, será que o noivo era o ideal!? Quanto mais pensava, mais dúvidas tinha! Estava a ficar neurótica!Resolveu ligar ao André...talvez ele a conseguisse acalmar!

Kisses
Ana


Alterei o título, mas ainda não estou satisfeita. Pode ser que me surja mais alguma ideia entretanto...


11 novembro 2010

Nécrologie

Van Gogh morreu no outro dia
um tiro
em Auvers estoirou a luz
ondulante das searas, um tiro
na cabeça de Van Gogh
as asas dos corvos
espantaram o azul.


João Tomaz Parreira

Slow Gun [dois]

Porque não adianta chorar
pelo leite derramado...



NorLevo®


À venda nas farmácias
no dia seguinte.

Slow Gun [um]

J O V E M


Tens mais de 18 anos
e um diploma das novas oportunidades?


Então não sejas idiota!


Escreve-te na Pê Jóta

10 novembro 2010

Exercício 5-Personagem

Guess who?

Licenciou-se aos doze anos, aos catorze tinha feito um mestrado e o doutoramento em Física Quântica foi um divertimento. Entrevistas a jornais e a canais de televisão, sempre fotografado, uma vida sem vida. Nunca tinha dado um pontapé numa bola, não tinha amigos, só conhecia os pais. Uma criança adulta sempre engravatada pela mãe e afogada em calhamaços  pelo pai.
Um dia  deixou-se de raciocínios de giz,  pensou e disse NÃO! Deixou crescer caracóis louros no eterno penteado de risco ao lado. Estranhou o comforto das T-Shirts e dos jeans esfarrapados. Uma vez por outra ainda veste algo formal porque o país onde se radicou com a fortuna assim o exige.
Não faz cálculo mental, tem telemóvel e computador portátil. Chamava-se John. Comprou o cartão de cidadão com o novo nome e não tarda terá número de contribuinte.
Quando não está a escrever, anda por aí, entrega pizzas ao fim-de-semana como a namorada.
Parece feliz!

ex.5 » personagem

A vida secreta dum colega de turma.


Todas as quintas-feiras, depois de lavar, secar e arrumar a loiça do jantar, remete-se ao quarto. No gira-discos, o vinyl de alguma diva do jazz. Lenta e metodicamente, dá-se a metamorfose: transveste-se numa mulher discreta, mas atraente.

Antes de sair de casa, chama um táxi que vai esperar ao fundo da rua. O destino é, invariavelmente, um dos clubes nocturnos da cidade.

Senta-se a uma mesa, pede um chá preto com um traço de wiskey. Terminada a bebida, dirige-se ao WC, fecha-se num dos compartimentos — um central, de preferência — e fica o resto da noite sentada na tampa da sanita escutando as conversas, os monólogos, os telefonemas que têm curso nesse espaço que julgamos íntimo. Confissões, dramas, futilidades — minuciosamente apontados num caderno A5 de capa preta.

novembro de 2010

Obituário

Fernando Pessoa morreu
no Bairro Alto
ele colocou os óculos para sempre
sobre a mesa, três dias antes
ainda o viram a dobrar
uma esquina na Baixa lisboeta
risos soltos, uma tosse
a dobrar o corpo para a frente.
João Tomaz Parreira

Os Escritores


Peça em dois quadros num Acto.

Personagens : Arlen, um americano, contista conhecido nos meios da revista New Yorker, cerca de 40 anos. Specter, perto dos 60. Crítico literário avulso.

Uma mesa de café com dois bules, um com café outro com leite, duas chávenas. Uma espécie de Starbucks de bairro da parte baixa da cidade, meia dúzia de frequentadores, já conhecidos. Os últimos. Algumas cadeiras já arrumadas, umas sobre as outras, como uma torre de Babel. Duas horas da manhã.


Arlen – Bela noite para dar um tiro no ouvido!(Olhou para o seu interlocutor, movimentou a mão direita para os lados, sobre o tampo da mesa e, depois, levou-a à tempora direita, e com dois dedos em ângulo)- Puff!Pausa.- A personagem parece estar a pedi-lo.

Specter ( olha para Arlen e franze os sobrolhos) – Depois dos diálogos que já lhes ouvi, Arlen, não sei se daria certo.Pausa.-É que há correspondência de estados e de sentimentos entre os diálogos das tuas personagens, Mikhail Baktin não iria gostar.Risos na mesa.

Arlen – Polifonia nos discursos que nem sempre são contradições. Afinal o dialogismo para Baktin vai muito mais além… -Pausa

Specter ( interrompendo)- …de textos dentro do texto. Eu sei, mesmo assim, para além do entrecruzar de várias vozes, as tuas personagens parece que estão de acordo.

Arlen – Perante os factos criados no enredo, gostava de poder dizer isso. O tema, contudo, não me parece propício. Às dialogias .

Specter – Óbvio, tinhas que tentar refazer um ambiente pós-traumático às tuas personagens, sendo que cada uma teria a sua maneira de verbalizar o conflito.

Arlen- A recorrente história próxima da América com a Guerra do Vietname, não me deixou outro recurso.

Specter ( emenda-o, com um gesto) – Não, outra fonte. Os teus trabalhos sobre isso, sempre foram muito históricos. É uma fonte a que vais beber.Pausa-Li Chomski, sabes.

Arlen- O Noam fez a crítica da guerra pelo lado do Poder Americano.(Levanta-se, sai fora da luz, como se fosse ao balcão e vem com uma chávena)-Está vazia. (Agarra no bule com leite e verte na chávena). Não quero mais café forte, hoje.

Saem ambos, depois de Arlen beber o café e deixar 3 dólares sobre a mesa.


Dia seguinte. Manhã. Esquina de uma Rua com a 6ª, na Village, com vapor a sair de uma grelha no chão.


Specter (com ar lavado, cabelo comprido humedecido) – Estive a reler um poema que escreveste há uns anos para o Departamento de Poesia da New Yorker. Lembras-te?

Arlen ( fazendo um esforço, fala vagamente) – É aquele do cigarro abortado antes da última cinza?

Specter (diz que sim com a cabeça) – Esse, no qual fazes um esforço para contradizeres tudo o que Bakhtin ensinou sobre a presença de outros textos dentro do texto…

Arlen ( interrompe-o de chofre) – Dialogias, não. Logo de manhã. Esse poema é um único texto e sou eu mesmo, do princípio ao fim.

Specter (com ar desconfiado, tira do bolso uma folha de papel que parece ser de revista, pára, lê um excerto com ar dramático). – Quando a noite chega e meus olhos / são uma sala vazia, quando a noite chega / e olho meus livros, os meus utensílios /com palavras na penumbra, é a hora da luz / iluminar com a sua água sobre a mesa...

Arlen ( puxando-lhe o braço, interrompe-o) – Esse poema podia hoje aplicá-lo à minha personagem…anda às voltas com a noite.

Specter ( com ironia) – Cá está, outro texto, não apenas uma personagem e um diálogo, mas duas pelo menos: a noite e tu.

Arlen (vitorioso) – Aí está, digo eu agora. A noite é pura e simplesmente antagonista.Ela não responde nada, é alheia ao sujeito poético desse poema. (Tira-lhe da mão a folha de revista.) Deixa-me ler. “Quando chega a noite / estou cercado de perguntas, algumas / respondo, outras cingem-me os ombros “ (Lê em voz bem audível, de uma forma neutral)

Specter ( retoma o passo e arrasta o amigo) – Se incluíres esse poema no conto, em forma de prosa, ou seja como for, terás o caminho aberto para o que disseste ontem à noite.

Arlen ( pára, pensa um pouco, abre ligeiramente os braços) – Matar a personagem com um tiro no ouvido? ( leva a mão direita à têmpora e abre em ângulo dois dedos)

Specter (sibilinamente) – Puff!


(c) João Tomaz Parreira

09 novembro 2010

A handbag?!

http://www.youtube.com/watch?v=oyuoUwxCLMs


Pus a mochila no ombro direito, peguei na Becks e fomos caminhar. Tinha de arejar do computador. Não tinha andado trezentos metros e vi o jardim. Começou a choviscar, mas não me abriguei. Viva a chuva! O parque ficou vazio em poucos minutos. Sentei-me num dos bancos com vista para o lago e tirei o nosso lanche. Atafulhei-o na mochila, pois deparei com o meu presente de Natal- uma mala, uma  Hermés!
Não havia ninguém por perto e peguei nela, pensando, já desconsolada, que poderia ser uma imitação. Não era. Ninguém se esquece de uma jóia destas, por isso senti receio de mexer nela.
A Becks sabe sempre o que quero, abocanhou-a e entregou-ma, tirando-me o medo e a culpa. Estava aberta.

A CONTINUAR

Sugestão de "visita de estudo"

Haye-on-Wye, vila no País de Gales, que vive de livros. Há-os em todo o lado. Esta fotografia é de António Barreto. Quando ele escreveu um artigo sobre este paraíso na desaparecida "Grande Reportagem", não descansei enquanto não fui lá. Vim arruinada, com duas malas carregadinhas desses objectos do nosso contentamento.

08 novembro 2010

Teimosia

Se escrevo, existo
Se não, insisto!

Tango

Combinámos um encontro no Bilderbuch Café. Fui mais pela curiosidade de conhecer o café-biblioteca e provar os bolos do que propriamente para rever um conhecido .
Insistiu que me queria mostrar Berlim, que eu conheço como a palma da  mão, mas acedi.
Cheguei e vi-o imediatamente, a ler o BILD. Sempre o mesmo, sempre a mania de dar nas vistas pela negativa. As outras pessoas liam livros ou jornais sérios, que lá estão à disposição para serem degustados com café e doçaria divina.
Resolvi sair antes que ele me visse e mandei-lhe uma mensagem curta .
Reparei no edifício em frente e naquela varanda florida. Quem poderia viver ali? Uma viúva idosa, uma família jovem? Gosto de imaginar as vidas escondidas pelas janelas.
Ele podia já estar a viver ali.
De repente, da janela, uns acordes de  tango.
Comecei a ouvi-los  cada vez mais fortes, mais apaixonados, a atmosfera  cinzenta e abafada foi mudando em mim à medida que a melodia me envolvia. A imagem de uma escola de dança como há tantas em Berlim.
Cantarolei no meu espanhol. Senti olhares de espanto, de desdém, sorrisos. Continuei mas baixo: “ El día que me quieras, la rosa que engalana...”. À janela apareceu um homem lindo, com um casaco de trespasse que devia completar um fato. Acenou na minha direcção.
E pareceu-me o mesmo em quem  três semanas antes tinha reparado na Hauptbahnof.
Tinha-me ficado na cabeça.
Pensava nele como o Tango Forte, perdido na língua estranha, com duas malas enormes, a meio da noite. De mapa na mão, pedia com os olhos um leitor de mapas. Hesitei, podia ajudá-lo, mas tive receio.
Fiz de conta que esperava alguém e continuei a observá-lo, escondida atrás do fumo do cigarro que finalmente podia fumar.
De umas das malas tirou um bandonéon e dedilhou Mi Buenos Aires querido.
Deram-lhe moedas, que recusou educadamente. No, no, gracías, quiero Kreuzberg, por favor!
Lembro-me de o ter olhado, já sem cortina de fumo.
Apanhei um táxi para Charlottenburg, mas já sem saber que país me esperava!
E ali estava ele, de novo. A porta do prédio estava aberta, avancei até ao pátio. Nas caixas de correio, liam-se os nomes das vidas atrás das janelas. Orrego Carlos, 3 L.
Subi as escadas e peguei no batente.

A continuar

3 idiomas para um só poema: Steinway & Sons

Três pernas do Steinway
elevam uma sinfonia
de pássaros nas veias

acima do soalho
esbeltas
pernas do Steinway

como a mulher
escutada lentamente
no seu vestido negro.

2007



STAYNVEY & OĞULLARI
Joao Tomaz Parreira (1947-)


Üç bacağı Staynvey’in
yerin üstündeki damarların içersinde
kuşlardan bir senfoniyi havaya kaldırır

zarif bacakları
Staynvey’in
bir kadın gibi

dinlediğimi
zaheste best
esiyah elbisesinin içersinde.


(Çeviren: Vehbi Taşar)



STEINWAY & SONS
by Joao Tomaz Parreira (1947-)


Three legs of the Steinway
raise a symphony of birds
in the veins above of the floor

the elegant legs
of the Steinway
as a woman

whom we listened
slowly
in its black dress.


Ver Aqui

07 novembro 2010

Fármaco místico

— Tragam-me uma tosta mística!

para os meus sentidos

quente que alimente

a alma por dentro deste corpo que dói.

— Quero um misto de um místico da tosta

e existencial de comida enlatada (enlutada)

como a minha angústia aveludada.

(Eu sou todo tosta…

Não! Eu sou todo místico

como a tosta que arrefece

em meu pensar nela quente,

para que alimente o imaginário por fora

de um prato vazio.)

— Podia dar-me antes uma aspirina?…


Nota: divertimento sem sentido levemente inspirado/feito a partir da leitura do magnífico poema de Álvaro de Campos, intitulado Dobrada à moda do Porto.

Quebranto

A carícia de uns cabelos
frescos,
A suavidade de umas mãos
de seda,
A vitalidade de uns beijos
encarnados...

Sabes,
sinto-te falta para sempre...
Sinto
e sei-te perdida no nunca mais.

Fico-me aqui
debaixo de um olhar distante,
por dentro da ausência verde,
fitando os círculos que constróis
com a tua beleza,
rodopiando os sentidos dessa tua valsa...

instante

Cabelos ruivos ondulados, a frescura da saia cai suavemente sobre as sandálias brancas que cobrem os pés pequenos. A silhueta elegante debruça-se sobre a janela e o seu olhar percorre o entardecer lá em baixo, distraído.

Momentos antes, tinha-a visto entrar, leve e veraneante, condizendo com o calor que fazia lá fora.

Luminosa e vibrante, smiling at life

A strange love...

Once…

Escrevia palavras desconexas ao som de uma voz feminina e um piano tenebroso, soando a história de um conto de fadas. Lia Ana Teresa Pereira e os seus amores estranhos. Coincidência, banda sonora perfeita naquele fim de tarde quente. Seres perdidos que se envenenam de amor, “a love that if were bottled it would kill”…

Desesperadamente

a coisa que eu sou,

até que a morte nos separe

Referências: "Strange love", Little Annie; A Coisa Que Eu Sou, Ana Teresa Pereira; Até Que A Morte Nos Separe, Ana Teresa Pereira

[At the end of the day I am always lost]

Escreveu numa folha de papel, na frieza de um quarto invernoso. Suspirou amargamente a tristeza que o invadia e sentou-se no chão de tábuas velhas naquela casa longe de todas as vozes, fora de todas as coisas.

Sentiu uma vontade suprema de invadir o espaço de um só grito. Opaco. Mas saiu-lhe um murmúrio quase imperceptível: “tu”…

[sinking into memories of you]

06 novembro 2010

Cronograma

Assunto: Cumprimento do cronograma até ao dia xx-xx-xxxx
 
  Resposta: Comprido e cumprido!

                    Muitos cumprimentos

                   Compridona cumpridora
Munch, much
Scream, beam
No beam
Screeeam,
very much!

Sensações

Mais uma vez tinha adormecido no sofá. Não vale a pena tentar ver um filme, adormeço sempre. Olhos semi-cerrados, já agora fico aqui o resto da noite.
Ouvia-lhe a respiração, sentia que ele se espreguiçava, que virava os olhos doces para mim, quase adivinhava que ao mexer-se para se enrolar, ele ia ficar com um olho aberto, à espera que eu fizesse ou dissesse alguma coisa, me mexesse, como de costume.
Preferi ficar como estava, se calhar já a sonhar. A atmosfera daquele dia 14 de Outubro de 2008 voltou de novo, à sala ou ao sonho. Um silêncio de paz que nunca tinha ouvido, corpo sem dores, e ainda a presença física da minha mãe. Devo ter sentido o mesmo na noite de 19 para 20 de Maio de 59- a última em cama líquida e quente, antes da partida para cá. Ainda a sonhar, achei que tudo o que sentia não era a partida definitiva.
-Mãe, estás bem?
Ouvi um sorriso e um sussuro:
- Estou longe, mas vejo que tens companhia. Agarra-te a ela!
Estendi uma mão, senti o negro da máscara, as manchas castanhas e as brancas e aqueles olhos, bem abertos, a fitar-me. Pêlo de seda, como só ele tinha!
- Acho que também vou dormir, ouvi-o dizer.
Respondi-lhe do sonho, que não me deixava falar:
- Amanhã levo-te ao veterinário!
A pata que ainda mexia fez-me uma festa.
Na manhã seguinte, 14 de Setembro de 2010, embrulhei-o na grande manta de xadrex e estive uma hora agarrada a ela.
Quando acordei, já só havia uma coleira vazia, com a medalha ainda ligeiramente dourada, onde se lia:
                                                                          Hugo
                                                                          Tlm: ............
                                                                       xxx@gmail.com
 

      
                         
                   

Desconversável

A partir da peça «Paisagem», de Harold Pinter


Gostava de estar ao pé do mar.
É ali, diz ela-
O cão foi-se. Não te disse, diz ele.-
Areia nos braços dele, diz ela-
Voavam por ali, numa agitação, disse ele -
Na cozinha
da casa de campo, sentados
ambos, afastam-se
o mais possível
até ao fim
da tarde, as
frases.


João Tomaz Parreira

05 novembro 2010

miniCONTO » Alors on danse


"Mãe, estou só!
Estás só o quê?
Só a chamar-te!
"
fátima pais




— hey mommy!
— qd pudermos tc, mete o MSN available, ok?

MSN reply » yo moma appears to be offline.

— c'mon mommy! tá'zaí?

MSN reply » go nudge someone else, kid.

— ah... ok...

(kid is now offline)

— olha. só kria contar uma cena... tá'jaber?

— olha. vou prá night beber uns xots

(twenty minutes later)

— não xperes por mim acordada. txau!

alors on danse

miniCONTO » arma indelével


Acordo com o bater esgazeado
duma gaivota na janela.

Levanto-me; dispo a t-shirt
com que limpo depois o sangue do vidro.

Penso:
sou a arma indelével.

Nano Conto III

CURRICULUM VITAA
CURRICULUM VITAB
CURRICULUM VITAC
CURRICULUM VITAD
CURRICULUM VITAE

NanoConto II

Mãe, estou só!
Estás só o quê?
Só a chamar-te!

NanoConto

-Mãe, quando puderes ouvir-me, põe uma cruz no quadrado Sim!
-Filha, deixo-te a minha cruz de boa vontade!

04 novembro 2010

Etiquetai-vos, pá!

Camaradas!

Etiquetei os meus textos, acho que facilita a organização e orientação das coisas cá no nosso sítio. Estava a sentir falta disso, até que se fez luz: etiquetas!

Desta forma, é muito fácil alguém consultar os exercícios todos, ou, por exemplo, os exercícios sobre suspense. Certo? Certo!

Não sabia bem onde pôr as etiquetas, pelo que as arrumei ali em cima, do lado esquerdo.

Criei as seguintes etiquetas:

* exercício - para os ditos (devemos acrescentar uma segunda etiqueta, pelo menos, a indicar qual o assunto do exercício)

* descrição, contar vs mostrar, suspense, abertura, (diálogo, atmosfera, personagem, acção, final, ...)

* conto, poesia (prosa, ...)

* humor, surrealismo, rima (...)

* MANUAL - para "posts" que ensinem qq coisa

* chainstory

miniCONTO » humanossauro

"Quando acordou,
o dinossauro ainda estava lá.
"
Augusto Monterroso




Era uma vez um humanossauro.

Conheceu um opiossauro; extinguiram-se e foram felizes para sempre.

Entretanto, acordei com o som dos saltos de oito centímetros da french-maid do andar de cima. Abri os olhos e já alguém havia inventado: o fogo, a roda, o comando remoto, o microondas, o tédio e a inveja.

Quem me dera eu ser um microorganismo unicelular, adormecido no fundo do lago amniótico da Mãe Gaia.

Haiku, nº 16

Flutua sonoro
o teu cabelo na rua
sobre tacões altos.


João Tomaz Parreira

ex.4 » parágrafo de abertura


É justo saber também as razões do lobo

Quando cheguei ao local do crime, mastigando à pressa o terceiro donut, o cenário com que me deparei era o mais horrendo que alguma vez havia visto nos meus trinta e oito anos de carreira. Mal estrei na sala, um cheiro ácido e nauseabundo obrigou-me a tirar da algibeira o lenço manchado de café.

Três cabeças de criança, perfiladas em cima da mesa de jantar, fumegavam! Percorri rapidamente o espaço com o olhar, tentando perceber que tipo de monstro havia feito aquilo: sangue, imenso sangue pelo chão, algum nas parades; junto a uma das pernas da mesa, um amontoado de dedos; mas nada de símbolos ou escritos, nem velas, nem encenações — puro sadismo.

Dirigi-me ao uniforme de serviço:
— Temos os três porquinhos; alguma pista sobre o paradeiro do lobo?

novembro de 2010


banda sonora » Avrigus, "Overture"

ex.4 » parágrafo de abertura


My baby just cares for me

Simone passeava-se de uma ponta à outra do quarto enfiada no vestido de noiva, ensaiando os passos que a levariam ao tão esperado "sim! quero!". Sempre que passava em frente ao espelho encolhia a barriga e pensava, "ainda bem que não estou grávida".

Uma espiadela rápida ao rabo, que lhe parecia bem, um rodopio, mais uns passos para lá, outros para cá. "Daqui a pouco vou mergulhar num mar de rosas, num mar de chamas, ou num mar de alguedo venenoso?". "Ai! deixa-te de clichés, mulher! O que tu precisas é de mais uma dose do amiguinho Rivs".

Mais um comprimido, mais uma voltinha, mais uma vista de olhos pela lista de convidados. Pareciam estar todos lá, os imprescindíveis, os chatos; nem os ex-namorados faltavam. — Só lá vais faltar tu, Nina — disse para a gata, também toda de branco e descalça, sentada em cima da cama, atenta a cada gesto e palavra da dona.

Pegou-a e apertou-a contra o peito ansioso por entregar-se a carícias e beijos nas noites quentes do Cairo. — Mesmo que ele me traia, mesmo que ele me deixe, nós seremos sempre uma da outra, não é?

Olhou Nina nos olhos, beijou-a na boca, atirou-a para cima da cama e voltou ao ensaio da marcha nupcial, "1, 2... 1, 2...".

abril de 2010


banda sonora » nina simone, "my baby just cares for me"

ex.3 » suspense


Mara fazia colecção de homens com óculos. Explico: recortava-os dos jornais e colava-os num caderno de linhas, nas páginas da esquerda; na página da direita escrevia uma pequena carta a cada homem que guardava.

Na sala de estar, Mara folheava o jornal do dia anterior quando o telefone tocou.

— Sim?
— Mara, escuta! Tens de fugir! — disse uma voz feminina que lhe era familiar.
— Desculpe? Quem fala?
— Sou eu, Mara! Tu! És tu! — Mara reconhecia-se ao telefone, incrédula.
— Eu? Mas eu quem? Quem fala?
— Mara, ouve, não tens tempo, fomos descobertas. Tens de fugir! — repetiu.

Mara, com o telefone na mão, ficou lívida e imóvel como um cadáver. Teria alguém, de facto, descoberto o que fizera há 8 anos? E quem lhe telefonava? Como poderia ser ela própria?

— Mara, ouve-me, foste capturada. E a única forma de escapares à pena de morte foi aceitares ir a tua casa para que, traindo-te, te possam prender definitivamente. Estás a ouvir-me? Não tarda deves estar a bater-te à porta. Não abras, Mara! NÃO ABRAS! — gritou a voz.
— Mas...?

Naquele preciso momento batem bruscamente à porta.

— Mara, Mara! Estás aí? Abre por favor — dizia a voz lá fora, num tom ofegante e por demais aflito.

Mara, a de dentro, deixa cair o telefone. Recobra o instinto felino que a define e corre até à porta para espreitar quem lhe batia assim de rompante. Confirmava-se; pelo pequeno olho de vidro, Mara vê-se no corredor, batendo à sua própria porta.

— Mara, fui descoberta! Deixa-me entrar! Ajuda-me! Não quero morrer! Ajuda-me, por favor! — repetia a Mara de fora, batendo insistentemente na porta com a mão.

Duka Tano, Mara, 27 anos feitos em Maio, viu-se perante um insólito dilema: atende à sua alma aflita, que lhe implora pela vida, para socorrê-la e tentar perceber aquela situação bizarra? Ou dá um pulo de pantera para a viela das traseiras e foge de toda aquela loucura?

A única certeza que tinha era a de que não era inocente...

março de 2010


banda sonora » >Massive Attack - "Safe From Harm"

ex.2 » contar vs mostrar


Eva, uma enérgica ruiva de 19 anos, empregada de Verão na pastelaria Doce Gosto, chegou, como é hábito, dez minutos antes da hora de abertura com um ramo de margaridas recém-colhidas do seu próprio jardim.

Entrou na cozinha, encheu de água a jarra de vidro liso e transparente onde colocou o emaranhado branco e amarelo, dando-lhe um arranjo rápido, que depois pousou numa ponta do balcão. Levou as mãos ao rosto, os olhos fechados, e ficou-se ali, quieta, no escuro, fruindo o adocicado cheiro a verde que lhe ficara na pele.

Apressou-se a abrir as persianas para dar a merecida luz à composição florida, aproveitando para passear o olhar por todo o espaço verificando que tudo estava limpo e no seu lugar: cadeiras, mesas, guardanapos, menus.

Enquanto não começava a azáfama do pequeno-almoço, ligou a máquina do café e folheou, curiosa, o jornal local para ter tema de conversa, animada e actual, para os fregueses da casa. Ligou o rádio. Cheryl Crow cantarolava alegremente "a change would do you good".

Eva fixou o olhar na rua luminosa, cheia de gente correndo, correndo apressada, correndo atrasada, correndo cansada. Amargou-lhe nos lábios a estrofe duma canção. Ouvira-a na noite anterior, repetindo-a até que um beijo de Hipnos a silenciou:


"some day
i'll fly away
from this world
"



março de 2010


banda sonora » Sheryl Crow - "A Change Would Do You Good"

ex.1 » descrição


Adormecido, cai do ninho para se encaixar na palma da minha mão, que o recolhe, redondo e denso. Acaricio levemente a sua penugem áspera; palpo-lhe, cuidadoso, os músculos que sinto flácidos, pela maturidade ou sonolência. Cheiro-o. Invadem-me folhas secas, sol e uma brisa bafienta; é de cativeiro mas parece-me sadio. Para me certificar, procuro-lhe a boca e depois o ânus, no extremo oposto, quase indistintos e firmes. Decido-me.

Cravo-lhe num gesto único o polegar no ventre; escorre-me pelo braço a sua seiva fresca e ácida que lambo deliciado. Rasgo-o, sem dificuldade, pela cintura, aperto-o e devoro-lhe a carne branda e a coluna vertebral, mais compacta e agre, mas igualmente saborosa.

Ainda não satisfeito com este pequeno petisco, atiro as duas metades de pele e réstias polposas para o chão, piso-as, e levanto o olhar guloso de volta ao ninho. Aposto que ainda lá encontro mais um...

março de 2010


banda sonora » Victoria's Secret commercial - "Hello, Bombshell" [tente não usar a visão...]

03 novembro 2010

Maria Maria

O que é que tu vais fazer, pá?
Gostas dela, mas não chega, não é?
Estás a pensar na outra, mas ela já se juntou,
com a desculpa de partilhar o andar!
E deixaste chegar tudo até aqui?
Calma, pá, bebe um whisky!
Tu até gostas dela!
E os planos até são porreiros!
Ela quer uma filha, arranjas-lhe a filha!
Falas com a advogada, ela não te disse
que isso não é problema?
Nada de papéis, nem tribunais, podes
sempre ficar com ela também!
Anda lá, os pais não vão saber,
eles não lêem jornais, nem vêem televisão.
Isso foi há uns meses,
agora já ninguém liga!
Faz-lhe uma surpresa, liga com número privado!
-Pá, tás bem?
-Maria!?
-Sim, pá, não consigo dormir!

Bronx by night

Detective-tentativa!

Deixou de se ouvir o teclado da Underwood, mas sentia-se o peso de quatro maços de  Lucky Strike,  fumadíssimos, no quarto em que tinha feito o escritório.                              
-Tenho de deixar isto! Acaba o dia, acabam os cigarros, acabam os discursos da Rose por causa do cheiro na roupa. Para que servem as máquinas de lavar?
Para que servem as mulheres? Têm tudo e só protestam!
Telefone?  Quem andará a matar a esta hora? Estes grandes filhos da mãe dormem a sesta e estão fresquinhos à noite!
- Ok, no Bronx, diga lá o endereço!
- Esqueça, sei onde é!
- É o gajo, pá, é o mesmo gajo! Desta vez foi de bisturi, sim senhor! Agora só lhe falta a broca do dentista, mas desta vai sentar-se numa cadeirinha pior!

Um naturalismo à maneira de Hemingway


A disposição dos dois assassinos no terreno é minimalista.

Al e Max, ao entrarem no restaurante do Harry, nem sequer o fazem com a eficaz estratégia exigida às mentes preparadas para o mal.

A encenação da sua entrada foi para dar nas vistas, na pacata e quente Summit, no Ilinóis.

Com seus «Os Assassinos», ou «Matadores» (1), no original «The Killers», Ernest Hemingway tem entre mãos os ingredientes para a violência dos subterrâneos urbanos, mas rejeita assim inscrever-se, avant la lettre, na escrita americana dos hard boiled ( Os Duros de Roer ), aos quais a sua sombra se estendeu por toda uma geração, atingindo até o romance dos chamados profissonais, a literatura negra dos incontornáveis Dashiell Hamett e Raymond Chandlers.



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Exercício 3: Criar Supense- Coitado do Sr. António!

Aqui vai o meu texto da aula da semana passada... resolvi dar-lhe o título "Coitado do Sr. António", porque afinal já se tornou famoso e nem sabemos muito bem quem é.  Na minha cabeça é aquele senhor idoso, simpático e bonacheirão, que apesar de estar reformado, vai fazendo uns biscates para não perder o ritmo, porque não fazer nada também cansa....

"Ah! Que belo duche! Estou mesmo relaxada! A aula de RPM deixou-me estoirada!"  Perdida nestes pensamentos,  dirigi-me ao cacifoe quando tentei abrir o cadeado,  reparei que já estava aberto. "Não pode ser! Quem é que descobriu o meu código?" Ao abrir a porta do cacifo, ouvi o Sr. António anunciar num tom lento e arrastado:
-Vamos fechar dentro de cinco minutos!
"Coitado do senhor! Ainda se nota que não recuperou totalmente."
Baixei-me para retirar a mochila do cacifo, mas... "Que se passa aqui? Esta não é a minha mochila? Que brincadeira é esta?"
Enquanto procurava a mochila e a toalha,  alguém bateu à porta. Era o Sr. António, que me perguntou:
- Vai demorar, menina?
Não sabia o que responder nem onde me enfiar. Ele entrou e eu escondi-me dentro do duche...

Estou com umas dúvidas acerca de como colocamos as personagens a pensar...tem travessão ou temos de dizer que está a pensar...dicas...fiquei um pouco baralhada com a pontuação...

Acho que os nossos textos têm muita piada quando os lemos em voz alta, porque lhe damos a ênfase e o tom que queremos e isso enriquece muito o texto. Quando os copio, parece que não são tão fortes e que perdem a piada...Acho que podia ter ido mais longe neste exercício...pode ser que ainda vá...mas por agora fico por aqui...

Até logo
Ana

Sobre a Vírgula


Campanha dos 100 anos da ABI
Associação Brasileira de Imprensa

Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere..

Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.

Pode criar heróis..
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

A vírgula pode condenar ou salvar.
Não tenha clemência!
Não, tenha clemência!

Uma vírgula muda tudo.


ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.


Coloque uma vírgula na seguinte frase:


SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR
QUE TEM A MULHER ANDARIA
DE QUATRO À SUA PROCURA



* Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER...
* Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM...

Exercício Contar vs. Mostrar

Olá a todos!

Peço desculpa pela minha falta de actividade no blog... aqui vai o meu primeiro texto das aulas, a respeito do exercício contar vs. mostrar... revisto agorinha mesmo, porque me apercebi que o original da aula tinha apenas 6 linhas... tentei dar um outro colorido ao texto, imprimir-lhe mais velocidade e algum humor... aqui vai :)

Frase: O John chega sempre atrasado ao emprego.

Porque é que acontece sempre assim? Só a mim! Lembro-me mal da noite passada, todas as noites são uma névoa; mas o pensamento agora corre demasiado depressa, não há tempo para teorizar. Enquanto me preparo apressadamente, imagino o olhar colérico do meu chefe fulminando os minutos do relógio de parede do escritório. Fecho a porta com um estrondo e ouço apenas o eco das minhas passadas largas descendo o prédio...

A correria é muita, esqueço-me da pasta, volto atrás, os minutos vão passando! Corro para não perder o autocarro, será que trouxe as chaves de casa, devo ter trazido, deito a mão ao bolso do casaco, procuro e remexo, deve estar no de dentro...

Enquanto dou as últimas passadas aceleradas em direcção à paragem, vou professando em surdina a minha recém-descoberta fé na falta de pontualidade dos transportes públicos... "Deus queira que o autocarro se atrase!"

- Desculpe, o dois já passou?
- Partiu mesmo agorinha, meu jovem!

Shit! Shit! Shit!

02 novembro 2010

Sylvia and Ted

para Sylvia Plath

Quando estavas comigo
eu nunca ia morrer

Os meus olhos vagueavam
sem ti, o meu medo
tinha ruídos
todos os passos, as sombras
eram coisas sólidas

quando escrevia a morte
riscava as folhas de papel
mas quando estavas comigo
eu ia durar a vida inteira

As tuas pernas
sustentavam as minhas quedas.

J.T.Parreira

Dilema pessoal

Dilema pessoal
Oh não! Eu não acredito que isto me está a acontecer. E logo hoje. Raios!
Como é possível? Levaram tudo, até a toalha. Isto é o cúmulo da ladroagem…
Calma, tens de ter calma, respira fundo… isso.
Tens um encontro super importante às 20h e nada te irá atrasar.
Ok… estás completamente nua. Roubaram-te a mochila com a roupa e não há ninguém no ginásio além do recepcionista.
É isso, o recepcionista. Chamo o recepcionista, chamo não, grito!
Mas espera, o pobre do homem teve um ataque cardíaco há pouco tempo, se me ponho para aqui aos gritos, ainda lhe dá outro e, então, aí é que não saio daqui hoje!
Vou ter mesmo que ir até a recepção, não tenho alternativa.
Eu continuo a não acreditar que isto me está acontecer. Bolas, que frio aqui fora.
Ali está ele:
- Sr. António, Sr. António! – bonito. O homem está com auscultadores nos ouvidos, e agora?
Só tens uma hipótese amiga. É aparecer-lhe assim, tal como estás, à frente mas… e se ele tem um colapso e cai para o lado?
Fico com a noite completamente estragada!

Florbela Ribeiro®

01 novembro 2010

Os Olhos de Judas I.

"JUDAS I. tinha um olhar sempre enviesado e isso fazia com que os seus olhos, que esgueirava e fechava levemente ao dirigi-los para pessoas e coisas, ficassem muito escuros.Somente vários séculos depois se deu por essa particularidade e foi um pintor renascentista que descobriu no olhar de Judas I. uma tendência para as sombras." (João Tomaz Parreira)

Conto publicado in Bestiário