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28 dezembro 2010

Descrição do meu refúgio!


As paredes pinceladas de cor-de-rosa reflectem nos cortinados e nas almofadas arroxeadas. Quando fecho a porta, sinto o aroma inconfundível da privacidade, que se mistura com o cheiro do incenso de mel e da aconchegante melodia da chuva.  
 Sou transportada para uma terra mágica, onde os livros têm asas, as caixas de música parecem bolos de aniversário e as fotografias  sabem falar. Os anjos vão voando pelas  quatro estações do ano. O mais teimoso insiste em estar sentado na montanha livresca mais alta, para ter os seus pensamentos mais próximos das nuvens. Neste lugar idílico e mágico, há neve e amores-perfeitos, eternamente primaveris; e há ainda uma rena, que não aprendeu a voar, mas que observa atentamente a bola de neve do país do chá e dos castelos. O marco do correio fica perto das cúpulas Russas e os meus sonhos estão em cada um destes objectos.  A minha rainha de rosas tem o seu altar em frente à minha cama. O arlequim e a princesa estão atentos às mudanças de humor da bailarina e da fada verde, porque afinal quer esteja só ou acompanhada, no meu refúgio tudo tem tanto significado, que perco a noção do tempo, contemplando cada nuvem sonhadora que me fornece energia e muita inspiração...
Espero que gostem...foi escrito e reescrito várias vezes e ficou assim!!!!!
Venham os comentários para quem os quiser fazer...

Boas festas,
Ana


25 dezembro 2010

Coisas que rimam

Um álbum com frases minhas, ilustradas com imagens que encontrei na net.

Aqui » Coisas que Rimam @ facebook

Tradições natalícias

Uma ambulância com a sirene ligada é sinal de que o Pai Natal já distribuiu os presentes irritantes.

Um amigo que entra furioso no teu quarto é muito melhor que os parentes que aparecem no Natal.

A máquina de escrever do vizinho de cima salva-me de ouvir o barulho dos tachos da caldeirada.

24 dezembro 2010

NATAL ERA, NATAL É


Natal era…

Esperança. Fé

Inocência. Paz.

Perdão. Amor

Gratidão. Renascimento

Alegria….



Natal é…

Descrença. Materialismo

Egoísmo. Orgulho

Hipocrisia. Vaidade

Ingratidão. Tristeza

Solidão…


Natal era…

Um pinheiro com fitas vermelhas

Um presépio feito de musgo

Uma lareira a crepitar

Uma missa de galo no silêncio da meia-noite

Uma mesa cheia de sorrisos

E a família a acordar na manhã fria

Aconchegada na alegria da criançada

Com presentes desembrulhados

Em papéis coloridos e laços dourados

Atirados ao acaso.


Natal é…

Lojas apinhadas de pessoas apressadas

Crianças exigentes,

Chorando, gritando, amuando

Trânsito insuportável

Filas intermináveis para se embrulhar

Prendas compradas por obrigação

Pais natais barbudos e sisudos

Luzes brilhantes e ofuscantes

Gente rebuscando nos caixotes de lixo

Restos de ceias inacabadas, assim desprezadas

Enquanto lá fora…

O frio corta o corpo e a alma


Natal era, mas já não é

Porque deve sempre viver

Dentro de cada um de nós

Como uma chama quente

Que ilumina as almas perdidas.


Natal era, mas já não é

Porque nesta noite gélida

Estendo os meus braços

E abraço a humanidade

Num gesto de perdão


Natal era, mas já não é

Porque era, é, e deve ser

apenas AMOR!


@Esmeralda, 24 Dez 2010

Back on track...Um dos exercícios da aula que faltei...

Uma ambulância com a sirene ligada é como...

um coração palpitante que ameaça sair pela boca a qualquer instante


uma ansiedade inquietante, que me faz reflectir sobre a verdadeira essência da vida


uma montanha longínqua, incansável e perturbadora


um tunel negro, vazio e sem pirilampos

O som da máquina de escrever é como... 

uma viagem aconchegante e saudosa à minha infância,

O som da máquina de escrever do vizinho de cima é como... 
 
uma lapa grudenta e irritante, que me impede de adormecer


Um amigo que entra furioso no seu quarto é ...

uma companhia desnecessária, que me impede de pensar

Um amigo que entra furioso no seu quarto é "como" ...
uma bom atómica prestes a rebentar

o piar de um mocho em noite de lua cheia ( lembrei-me desta hoje!!)


Foi o que me surgiu assim de repente...lol o "como" faz uma grande diferença nas frases...afinal eram todos com os sem como? Pela folha que o prof. enviou, a última frase  era sem como...fica a questão...


Ana

 









23 dezembro 2010

DIA DE NATAL

Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.

É dia de pensar nos outros — coitadinhos — nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.

De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)

Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.

A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra — louvado seja o Senhor! — o que nunca tinha pensado comprar.

Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.

Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama. Ah!!!!!!!!!!
Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.

Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.

Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.

Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.

Dia de Confraternização Universal,


Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.

É dia de Natal.

Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.

António Gedeão

22 dezembro 2010

Solidão

Solidão

Aproximo-me da noite
o silêncio abre os seus panos escuros
e as coisas escorrem
por óleo frio e espesso

Esta deveria ser a hora
em que me recolheria
como um poente
no bater do teu peito
mas a solidão
entra pelos meus vidros
e nas suas enlutadas mãos
solto o meu delírio

É então que surges
com teus passos de menina
os teus sonhos arrumados
como duas tranças nas tuas costas


guiando-me por corredores infinitos
e regressando aos espelhos
onde a vida te encarou

Mas os ruídos da noite
trazem a sua esponja silenciosa
e sem luz e sem tinta
o meu sonho resigna

Longe
os homens afundam-se
com o caju que fermenta
e a onda da madrugada
demora-se de encontro
às rochas do tempo

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"


20 dezembro 2010

Exercício: Frases - é como um...


Uma ambulância com a sirene ligada é como...

uma ferida branca, urgente e dolorida que corta o ar quente da noite (ou do dia).

Gritos estridentes que rasgam a cidade deixando uma névoa ligeira de desespero ou esperança?


O som da máquina de escreve de cima é como...

um martelar que ressoa, ecoa e fere as paredes manchadas de humidade do tecto da sala.

Um matraquear rítmico de teclas gastas pelas emoções das cartas escritas guardadas na gaveta.

Ou enviadas em envelopes brancos com cheiro a lavanda e carimbos de batom.


Um amigo que entra furioso no seu quarto é como ...

o derrubar de uma mesa frágil num gesto desastroso de raiva contida.

Ou o pulsar colérico no olhar ferido de uma amizade traída.




Exercício de EC

@Esmeralda , 15 Dez 2010

18 dezembro 2010

Vistas de Portugal- Médicos


Precisamos todos muito deles, mas para alguns temos de tomar PACIENTIX uma hora antes da consulta. Previna-se também com um calmante para o aftermath.
Aqui vai a fundamentação:

- A medicina pública não conhece as formas de cortesia-  não há apelidos nem Senhora Dona ou Dona. Há Sr. José e Sra.Maria, o que deixa  todos na sala de espera a olhar uns para os outros e a Dona Sãozinha nunca mais entra. Prepare-se, nos casos mais graves, para ser tratado por tu.

-A medicina não reconhece pessoas que falem bem e muito menos as bem-educadas. Também não suporta quem não se queixe muito. A medicina adora berros, urros e as doenças das vizinhas. Evite estar à vontade e ir directo ao assunto; prepare a sua confissão, lembre-se de que está na presença de uma identidade superior.

-A medicina é uma ciência oculta, logo quem sofre de sinusite e rinite, por exemplo, mesmo que assoe quantidades industriais do que todos sabem, espirre a cada dois segundos e estoure de dores de cabeça, não deve mencionar que tem as maleitas referidas. Vai-se ver. Depois de alumiarem todas as cartilagens com uma maquineta, de nos porem a morrer com a língua de fora a dizer âh,âh,âh, recostam-se, fazem que pensam muito e lá receitam o antibiótico. A gatafunhada ainda deixa  reconhecer o genérico mais comum. Tem de se sair do oráculo muito assustado porque o astro nada disse. Há que tomar as doses, há que tomar cuidado!

-Os outros médicos são todos incompetentes, logo se o que está a consultar lhe perguntar quem foi o burro que lhe viu a garganta há seis meses, cale-se muito caladinho e não diga  a verdade: “O burro foi o Sr. Dr!”.

- O doente é um ignorante, logo não deixe rasto  da sua passagem pelos livrinhos de biologia e de química do liceu, nem se atreva a mencionar princípios activos. Nunca.
Diga o nome do medicamento ou do orgão a medo, de preferência com uma grande calinada. Recebe sempre um abanar de cabeça ou um sorriso cínico-paternal.
Eu exemplifico, pela experiência:
-“Doenças que  teve?”
-X, y, e z,
- Alergias?”
- Ácido acetílosalicílico.
-“As pessoas dizem aspirina, não sabe?”
- Só sei que não sou alérgica nem à embalagem nem à Bayer!

O Master, o Master!

Always wanted to write
And ride an open sleigh
Not just for Christmas
But right the year away.

And day came when I met
Someone, somewhat a threat
To make me write down much
That I hadn´t written yet.

His name´s João
He is a Professor
He makes one write
And not any lesser.

That´s why I´m so grateful
For all the things taught
For all the thoughts beautiful
For the whole reading lot.

Haicai, escrito em Miami

A lua aveludou
o ceu: ah prepara um leito
para a minha noite.

Joao Tomaz Parreira

(Miami Beach, 17-12-2010)

Tudo O Que Eu Hoje Queria

Tudo o que eu hoje queria era...

sentir esta chuva contigo,

sentir o cheiro da terra molhada,

ver o sol entre as gotas da chuva,

e o mar entre as dunas húmidas.


E tudo ver,

e tudo sentir,

mãos dadas a ti.


Sentir o cheiro da relva,

o cheiro do mar,

misturados com o teu cheiro.


Sentir a chuva no meu corpo,

misturada com o teu corpo.

Sentir na minha boca o gosto do mar,

misturado com o teu sabor.


Sentir a caricia do vento,

mais as caricias das tuas mãos.


E queria beijar-te,

beijar-te todo, de mãos entrelaçadas

e beijar-te molhada,


Molhada da chuva,

ou do mar

Molhada das lágrimas de alegria,

ou de suor,

ou de prazer.


E tudo o que hoje eu queria,

era...afinal,

ter-te aqui junto a mim.



@ Esmeralda

Outubro 2001


O Refúgio


Quando me canso do mundo abro as portas da minha imaginação e entro no meu quarto secreto.


Deixo-me cair no velho sofá com cheiro a cabedal e enrosco-me nas almofadas coloridas espalhadas à toa. Suspiro. O meu olhar pousa nas sombras do deserto projectadas pelo pequeno candeeiro árabe.


Fecho então os olhos e sinto… os meus pés descalços enterrarem-se no tapete usado, mas ainda macio. Penso no pulsar dos mercados orientais. Os seus cheiros enrolam-se na nuvem do incenso que queima, lentamente, na arca embutida em madrepérola e recordações.


Da janela semi-aberta a brisa primaveril agita levemente as cortinas transparentes (e a minha alma). Estremeço. No gira-discos fora de moda geme o saxofone. Envolvo-me de melancolia.


Estendo a mão e toco nos livros esquecidos no chão. Tanto para dizer, para escrever e contar em pequenas histórias recortadas nos pedaços de mim. Tantas coisas penduradas no tecto e nas paredes como carimbos de passaporte das terras por onde deambulei.


O saxofone continua a gemer. Agora mais baixinho, mais perto do coração. Suspiro outra vez, e deixo-me levar, devagarinho, para a Terra de Ninguém.


Porque é ali, que me sinto em casa.

17 dezembro 2010

Dança das Flores

coisa em forma de poema,
resultado de um exercício colaborativo
ao jeito de cadáver esquisito heterodoxo.



De que forma andam as flores?
Andam de mão dada, como eu e a morte.

E onde estão elas agora?
Repousam no colo das crianças,
ronronando como gatinhos.

E o que cantam? E o que dizem?
Cantam como náufragos, ansiosas
por alcançar uma nuvem que as acolha.

Mas como pode um veleiro correr
por entre as nuvens sem naufragar?
O veleiro é a minha forma de ser
e as nuvens o elo de ligação incessável.

E se tudo te fosse dado, na palma da mão?
Eu sentiria a ondulação bravia do mar
e a serenidade terrestre, propagando-se pela vida
de uma forma nunca imaginada.

Mas se a morte me oferecesse, ao entardecer,
um relógio sem ponteiros, eu adormeceria
na floresta de corais floridos e medusas
enfeitiçadas por lendas jamais escritas.


Lobo das Estepes e Edera de Diana
© dezembro de 2010

Spanglish by Sandra Joaquim y Deolinda Quintela- ´Twas the night before Christmas

‘Twas the night before Christmas y por toda la casa,Not a creature was stirring-Caramba! Que pasa?
Los niños were tucked away in their camas,Some in long underwear, some in pijamas,
While hanging the medias with mucho ciudadoIn hopes that old Santa would feel obligado
To bring all children, both buenos y malos,A nice batch of dulces y otros regalos.
Outside in the yard there arose such a gritoThat I jumped to my pies like a frightened cabrito.
I ran to the window and looked out afuera,And who in the world do you think that it era?
Saint Nick in a sleigh and a big red sombreroCame dashing along like a crazy bombero.
And pulling his sleigh instead of venadosWere eight little burros approaching volados.
I watched as they came and this quaint little hombreWas shouting and whistling and calling by nombre:
"Ay Pancho, ay Pepe, ay Cuco, ay Berto,
Ay Chato, ay Chopo, Macuco, y Nieto!"
Then standing erect with his hands on his pechoHe flew to the top of our very own techo.
With his round little belly like a bowl of jalea,He struggled to squeeze down our old chiminea,
Then huffing and puffing at last in our sala,With soot smeared all over his real suit de gala,
He filled all the medias with lovely regalos-For none of the niños had been very malos.
Then chuckling aloud, seeming muy contento,
He turned like a flash and was gone como viento.
And I heard him exclaim, and this is verdad,Merry Christmas to all, y Feliz Navidad!

A Toca

“Tu tens quatro avós?”- pergunta a criançada que entra na minha toca.
Já tive, mas as fotografias estão noutro lado. Aqui acompanham-me Unamuno, Eça, Churchill e Karajan. Aqui escrevo, penso, rio-me e trabalho. Às vezes choro.
O candeeiro de latão, quase afogado em papeladas, esforça-se por dar luz a mais algumas páginas, algumas interessantes. Muitas secas e inúteis, que irão parar a  qualquer caixote de lixo ou ao chão de uma escola.
A agenda deve andar por aí, meia perdida, se calhar no meio do amontoado de pares de óculos.
Da minha toca vê-se o meu mundo. Livros, sinfonias, as viagens que fiz e as que gostaria de fazer. Rostos de memórias doces que me fazem falta. As máquinas fotográficas que registaram  momentos desta casa, a caneta Parker oferecida pelo Avô Neves para melhorar a letra, os quadros do Pais.
A mug com lápis marca a presença de “A Room with a view”, um íman avisa e dá uma desculpa para tanta coisa  acumulada “ A organização é metade da vida; eu vivo na outra metade” pode lá ler-se.
As cortinas às riscas escondem a paisagem de que não gosto.
A manta escocesa agasalha e envolve tudo no seu xadrex.

Rei, capitão, soldado, ladrão,
peão, rainha, menina!

"One Hundred Live and Die"


© Bruce Nauman - 1984

Online » www.pbs.org

Um jogo...

Uma ambulância com a sirene ligada é ...
... como uma gata em cio.
... a filarmónica refulgindo pelas ruas, trazendo animação ao bairo.
O som da máquina de escrever do vizinho de cima ...
... é como o arroz percutindo o tacho metálico.
... são tiros de pólvora seca que rasgam a insónia.
Um amigo que entra furioso no meu quarto é ...
... a má companhia preferível à solidão.
... um tigre que saltou do pesadelo para me arranhar os olhos.
... como um cão vadio que não posso pontapear!

16 dezembro 2010

Exercício: frases

- Uma ambulância com a sirene ligada são dois ataques: um de mais um coração explodido, outro um atentado aos meus tímpanos.

- O som da máquina de escrever do vizinho de cima dá-me vontade de escrever.

- Um amigo que entra furioso no seu quarto, imposto que se paga pela amizade.

11 dezembro 2010

“Any word you have to hunt for in a thesaurus is the wrong word. There are no exceptions to this rule”.
Stephen King, Everything You Need to Know About Writing Successfully — in Ten Minutes

Prof.João de Mancelos
 
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A.Word.A.Day
with Anu Garg

sesquipedality


PRONUNCIATION:
(ses-kwi-pi-DAL-i-tee)

MEANING:
noun: The practice of using long words.
ETYMOLOGY:
From Latin sesqui- (one and a half) + ped- (foot). First recorded use: 1759.
NOTES:
Literally speaking, sesquipedality is using words that are one and a half feet long. A related word is sesquicentennial (150th anniversary). Nothing wrong with using a sesquipedalian word once in a while, if it fits, but it's best to avoid too many long, polysyllabic words. This dictum doesn't apply to German speakers though, as Mark Twain once observed, "Some German words are so long that they have a perspective."
There's a bean subspecies commonly known as a yardlong bean. It's really misnamed as it's "only" half a yard long. Its scientific name, Vigna unguiculata subsp. sesquipedalis, is more precise.
USAGE:
"The stories in Oblivion comprise relatively straightforward prose, with textual play and sesquipedality trimmed to the bone."
Tim Feeney; Oblivion; Review of Contemporary Fiction; Jul 2004.

Explore "sesquipedality" in the Visual Thesaurus.


10 dezembro 2010

 http://www.youtube.com/watch?v=tgtnNc1Zplc

Rima de Natal

É Natal, é Natal
já nasceu Jesus.
Coitadinho, pobrezinho,
vai morrer na cruz!

© 2010 Lobo das Estepes

Um poema Natalinho!

 
Natal é partilhar e dar um pouco de nós..
Natal é magia no sorriso de uma criança!
Natal é aquele cheirinho das filhós...
Natal é tempo de paz e de esperança!

09 dezembro 2010

Apetecia-me falar de carrinhos de madeira
e de bonecas de pano,
como no passado ano.
Mas é passado
e temos de novo Natal .
O Menino continua a nascer,
 rosadinho
A Mãe desvela-se,
O Pai a protegê-lo,
Os amigos continuam-lhe fiéis
Mas o Menino deste ano
Não tem nem um pano
Nem burrinho a aquecê-lo.
E embora mantenha o coração
A Mãe não tem pão
O Pai não tem trabalho.
Precisam de óculos ,
E não os têm.
Descobri, porém,
E não foi na oftalmologia,
Que a maldade de poucos,
Não suporta da bondade a magia,
Que se pode ver através de
Uma estrela
Que sempre será um guia,
Que nos aponta um reino,
Terreno.
De lã perdida no sotão,
De paninhos feitos cobertas
De cozinhas de crianças
Que só precisam de mãos
largas.
Também vazias,
mas abertas.

Fátima Pais- Natal 2010

Saudades de carrinhos de madeira e de bonecas de pano


Tenho saudades
De quando Era uma vez...
Tenho saudades
De quando havia musgo e avós
E era Natal.
Tenho saudades
De quando os brinquedos
Tinham nome em português.

16/12/ 2009

08 dezembro 2010

pequena fábula

esta noite tive um pesadelo:

sentado no ramo duma árvore
que ardera, com uma maçã vermelha
na mão, esperava que chegasses.

perdoa-me, mas cheguei a duvidar
que viesses, e chorei um pranto
mudo, que desceu em catadupa
todos os degraus, que fumegavam.

formaram um rio, os miríades de lágrimas
argênteas, cujo leito era o caminho
que levava ao esquecimento de tudo
o que luzia e jaz agora no fundo do mar.

mas eis que chegaste, esvoaçando.

agitaste os cabelos, os ossos,
os tendões incandescentes.

esticaste as pernas, finas,
frias, com escamas de vento.

ergueste o bico de oiro, a noite
parou pra te ouvir cantar.

levei a maçã vermelha à boca,
que beijei, como se te trincasse.
desci, com três pulos, a escarpa
de prata ardente, pra te receber.

estendi a mão, pra te cariciar
o dorso de pétalas de acácia,
mas quando te toquei não estavas lá.
devias ser a sombra de um gato.

eram cinco para a meia noite, quando adormeci.

mal acordei, com marcas de garras gravadas
no coração, mordi fundo a maçã vermelha
que me saíra, quente, do ventre, e escrevi
este poema maligno que, a ti, dedico.

lobo das estepes @ junho de 2010