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14 março 2011

As Rosas Também Choram

A cancela estava aberta. Entrou no jardim com o passo sobressaltado. Apanhou uma rosa esquecida do chão e cheirou-a com um ar distraído. Não olhou a beleza das pétalas que se desfaziam. Nem escutou o melro que espreitava por entre os ramos do pinheiro, com olhos amarelos. Simplesmente levou a rosa ao nariz num gesto automático. Como quem cheira um perfume ou uma peça de fruta no supermercado.

Suspirou. Deitou fora a flor com um trejeito cansado e sentou-se… no chão. Encostou-se ao muro de pedra que corria à beira da cancela. Abraçou os joelhos e poisou o rosto nas mãos entrelaçadas. Com os nós dos dedos brancos, apertados como cordas. Rústicas, grossas, inquebráveis. E de olhos na estrada deserta, preparou-se para esperar.

Por ele…

Ele que dissera que vinha e não vinha. Ele que lhe enchia o coração e aquecia a alma. Ele que prometia e se esquecia. Ele que estava sempre presente em cada pensamento e tão ausente em cada momento. Ele…

E deixou cair uma lágrima nas pétalas já murchas da rosa desfolhada aos seus pés.

Sim, porque as rosas também choram!



@esmeralda  12 Mar 2011

1 comentário:

CIGANA disse...

OK! Cá fico à espera das criticas Lobinas e não só :P

É apenas um começo de algo que ainda não sei bem o que vai ser... para já, fica só como micro-conto!