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12 abril 2011
a inevitabilidade da tragédia
Quando se ajoelhou no chão para beijar uma aranha morta, o anjo que vive escondido na sombra do remorso segredou-lhe ao ouvido: «Essa paixão pelas coisas flamejantes é um animal revoltado contra a inevitabilidade da tragédia».
A mulher com olhos de peixe respondeu-lhe que ela própria era uma cidade em chamas. Saiu à rua; sentou-se a ouvir a alegria dos pássaros esmorecer.
Depois do vento lhe soprar as escamas do rosto e frio da noite lhe beijar os pés, enforcou-se no umbral da porta porque lhe faltaram os fósforos para incendiar a misericórdia do tempo.
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