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Boas festas,
Ana
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Natal era…
Esperança. Fé
Inocência. Paz.
Perdão. Amor
Gratidão. Renascimento
Alegria….
Natal é…
Descrença. Materialismo
Egoísmo. Orgulho
Hipocrisia. Vaidade
Ingratidão. Tristeza
Solidão…
Natal era…
Um pinheiro com fitas vermelhas
Um presépio feito de musgo
Uma lareira a crepitar
Uma missa de galo no silêncio da meia-noite
Uma mesa cheia de sorrisos
E a família a acordar na manhã fria
Aconchegada na alegria da criançada
Com presentes desembrulhados
Em papéis coloridos e laços dourados
Atirados ao acaso.
Natal é…
Lojas apinhadas de pessoas apressadas
Crianças exigentes,
Chorando, gritando, amuando
Trânsito insuportável
Filas intermináveis para se embrulhar
Prendas compradas por obrigação
Pais natais barbudos e sisudos
Luzes brilhantes e ofuscantes
Gente rebuscando nos caixotes de lixo
Restos de ceias inacabadas, assim desprezadas
Enquanto lá fora…
O frio corta o corpo e a alma
Natal era, mas já não é
Porque deve sempre viver
Dentro de cada um de nós
Como uma chama quente
Que ilumina as almas perdidas.
Natal era, mas já não é
Porque nesta noite gélida
Estendo os meus braços
E abraço a humanidade
Num gesto de perdão
Natal era, mas já não é
Porque era, é, e deve ser
apenas AMOR!
@Esmeralda, 24 Dez 2010
António Gedeão
Uma ambulância com a sirene ligada é como...
uma ferida branca, urgente e dolorida que corta o ar quente da noite (ou do dia).
Gritos estridentes que rasgam a cidade deixando uma névoa ligeira de desespero ou esperança?
O som da máquina de escreve de cima é como...
um martelar que ressoa, ecoa e fere as paredes manchadas de humidade do tecto da sala.
Um matraquear rítmico de teclas gastas pelas emoções das cartas escritas guardadas na gaveta.
Ou enviadas em envelopes brancos com cheiro a lavanda e carimbos de batom.
Um amigo que entra furioso no seu quarto é como ...
o derrubar de uma mesa frágil num gesto desastroso de raiva contida.
Ou o pulsar colérico no olhar ferido de uma amizade traída.
Exercício de EC
@Esmeralda , 15 Dez 2010
Tudo o que eu hoje queria era...
sentir esta chuva contigo,
sentir o cheiro da terra molhada,
ver o sol entre as gotas da chuva,
e o mar entre as dunas húmidas.
E tudo ver,
e tudo sentir,
mãos dadas a ti.
Sentir o cheiro da relva,
o cheiro do mar,
misturados com o teu cheiro.
Sentir a chuva no meu corpo,
misturada com o teu corpo.
Sentir na minha boca o gosto do mar,
misturado com o teu sabor.
Sentir a caricia do vento,
mais as caricias das tuas mãos.
E queria beijar-te,
beijar-te todo, de mãos entrelaçadas
e beijar-te molhada,
Molhada da chuva,
ou do mar
Molhada das lágrimas de alegria,
ou de suor,
ou de prazer.
E tudo o que hoje eu queria,
era...afinal,
ter-te aqui junto a mim.
@ Esmeralda
Outubro 2001
Quando me canso do mundo abro as portas da minha imaginação e entro no meu quarto secreto.
Deixo-me cair no velho sofá com cheiro a cabedal e enrosco-me nas almofadas coloridas espalhadas à toa. Suspiro. O meu olhar pousa nas sombras do deserto projectadas pelo pequeno candeeiro árabe.
Fecho então os olhos e sinto… os meus pés descalços enterrarem-se no tapete usado, mas ainda macio. Penso no pulsar dos mercados orientais. Os seus cheiros enrolam-se na nuvem do incenso que queima, lentamente, na arca embutida em madrepérola e recordações.
Da janela semi-aberta a brisa primaveril agita levemente as cortinas transparentes (e a minha alma). Estremeço. No gira-discos fora de moda geme o saxofone. Envolvo-me de melancolia.
Estendo a mão e toco nos livros esquecidos no chão. Tanto para dizer, para escrever e contar em pequenas histórias recortadas nos pedaços de mim. Tantas coisas penduradas no tecto e nas paredes como carimbos de passaporte das terras por onde deambulei.
O saxofone continua a gemer. Agora mais baixinho, mais perto do coração. Suspiro outra vez, e deixo-me levar, devagarinho, para a Terra de Ninguém.
Porque é ali, que me sinto em casa.
coisa em forma de poema,
resultado de um exercício colaborativo
ao jeito de cadáver esquisito heterodoxo.
Lobo das Estepes e Edera de Diana
© dezembro de 2010
© 2010 Lobo das Estepes
lobo das estepes @ junho de 2010