de fogo sai do ninho deixa atrás de si
um rastro helicoidal de palavras
que arfam quando lidas de perto
tu a labareda de línguas
equinas e macias
que crepitam nos meus
dias internos e opacos
eu a salamandra iridescente
que te esgaravata o dorso
e sonha cardos
à sombra da lareira
enquanto ardo congemino
apocalípticas madrugadas sentado
no alto dos teus joelhos
perscruto a ravina
carmesim que me olha
imensa e me comprime
as carótidas até à asfixia
é então que morro
e renasço, másculo, luzidio
sob a campânula de veludo húmido
imarcescível que é o teu ventre
desdobro os braços, abro a boca
arfo, e num cântico profundo inundo-te
de seiva translúcida desde as raízes
dos pés às folhas dos cabelos
sou o fruto helicoidal do teu fogo
brando, endógeno, que queima
quando tocado por dentro
Lobo das Estepes @ 2009
2 comentários:
Já li não sei quantas vezes, só sei dizer que acho maravilhoso!
obrigado, Fátima
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