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18 dezembro 2010

Vistas de Portugal- Médicos


Precisamos todos muito deles, mas para alguns temos de tomar PACIENTIX uma hora antes da consulta. Previna-se também com um calmante para o aftermath.
Aqui vai a fundamentação:

- A medicina pública não conhece as formas de cortesia-  não há apelidos nem Senhora Dona ou Dona. Há Sr. José e Sra.Maria, o que deixa  todos na sala de espera a olhar uns para os outros e a Dona Sãozinha nunca mais entra. Prepare-se, nos casos mais graves, para ser tratado por tu.

-A medicina não reconhece pessoas que falem bem e muito menos as bem-educadas. Também não suporta quem não se queixe muito. A medicina adora berros, urros e as doenças das vizinhas. Evite estar à vontade e ir directo ao assunto; prepare a sua confissão, lembre-se de que está na presença de uma identidade superior.

-A medicina é uma ciência oculta, logo quem sofre de sinusite e rinite, por exemplo, mesmo que assoe quantidades industriais do que todos sabem, espirre a cada dois segundos e estoure de dores de cabeça, não deve mencionar que tem as maleitas referidas. Vai-se ver. Depois de alumiarem todas as cartilagens com uma maquineta, de nos porem a morrer com a língua de fora a dizer âh,âh,âh, recostam-se, fazem que pensam muito e lá receitam o antibiótico. A gatafunhada ainda deixa  reconhecer o genérico mais comum. Tem de se sair do oráculo muito assustado porque o astro nada disse. Há que tomar as doses, há que tomar cuidado!

-Os outros médicos são todos incompetentes, logo se o que está a consultar lhe perguntar quem foi o burro que lhe viu a garganta há seis meses, cale-se muito caladinho e não diga  a verdade: “O burro foi o Sr. Dr!”.

- O doente é um ignorante, logo não deixe rasto  da sua passagem pelos livrinhos de biologia e de química do liceu, nem se atreva a mencionar princípios activos. Nunca.
Diga o nome do medicamento ou do orgão a medo, de preferência com uma grande calinada. Recebe sempre um abanar de cabeça ou um sorriso cínico-paternal.
Eu exemplifico, pela experiência:
-“Doenças que  teve?”
-X, y, e z,
- Alergias?”
- Ácido acetílosalicílico.
-“As pessoas dizem aspirina, não sabe?”
- Só sei que não sou alérgica nem à embalagem nem à Bayer!

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