Priberam | Comentários
Priberam » Palavra do dia |
26 junho 2011
23 junho 2011
Memórias Perdidas
http://ecatalim.blogspot.com/2011/06/memorias-perdidas.html
Conto baseado no tema proposto para a primeira tertúlia do Et Quoi: "À hora marcada partiu".
Conto baseado no tema proposto para a primeira tertúlia do Et Quoi: "À hora marcada partiu".
16 junho 2011
publicar na alfarroba
Tem um livro na prateleira? E acha que o mundo já esperou demasiado tempo por conhecê-lo? Sacuda-lhe o pó e envie-no-lo.
http://www.alfarroba.com.pt/yourbook.php
http://www.alfarroba.com.pt/yourbook.php
Etiquetas:
publicação
13 junho 2011
O Mar de Fernando Pessoa
Em homenagem a Fernando Pessoa pelo seu 123º aniversário
Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa, in Mensagem
Amanhecer
(Devaneios de uma mulher solitária)
O sol nasceu.
Vi-o espreitar pela janela do meu quarto.
Foi-se libertando aos poucos das brumas da noite.
Lentamente. Em farrapos cinzentos que sobem em espiral.
Tudo começa a tomar forma.
As árvores.
As casas.
As sombras
E o campo de milho suspira baixinho.
De repente. Num gesto de ternura.
Tudo brilha laranja na minha alma.
Sofrida.
Nunca me senti tão só.
Tão vazia.
Tão perdida.
Tão cansada.
Nunca um amanhecer foi tão dorido.
E no silêncio do meu quarto
(enquanto um coro de pássaros me dá os bons dias).
Penso em ti.
Na força que emanas.
Nas palavras que me sussurras ao telefone.
Nos momentos em que estivemos juntos.
Quando éramos descontraídos.
Quando os dias eram brancos e os sonhos azuis.
Lembras-te?
De mãos dadas. Os dois.
Entrelaçados em ilusões
Em promessas.
Sussurradas na calada na noite
Em quimeras de prazer
Que se desvaneceram esfarrapadas
Como a neblina da aurora.
Estremeço.
Será que o sol ainda brilha lá fora?
Afasto a cortina.
E espreito a manhã.
O mundo inteiro grita em tons de verde e ouro.
Numa orgia de beleza e cor.
Que me seduz num gesto gracioso
Mas a minha alma está demasiado enfadada.
E temo em participar na festa
Que o sol me convida.
Que o sol me convida.
Fecho os olhos.
Recordo outros amanheceres.
Quando acordava enlaçada a ti.
Ou a outro alguém.
Apaixonada.
Embriagada.
Pensando que ia ser sempre assim.
Acordando devagarinho nos braços do Amor.
Ou então
Quando dava os bons dias no topo do mundo.
Quando dava os bons dias no topo do mundo.
Quando o sol me engrandecia
E pensava que o mundo era meu.
E pensava que o mundo era meu.
Senhora do meu do destino.
Rainha dos meus desejos.
Outros tempos.
Outras vidas.
Não quero pensar mais.
Abro os olhos.
O sol inunda o meu quarto.
Convida-me a sair.
Mas sinto-me esgotada.
Deixo-me embalar pelos sons.
O vento.
O milho.
O sino.
O galo.
Suspiro.
Fecho mais uma vez os olhos.
Buscando forças para enfrentar mais um dia.
Sei que ainda acreditas em mim.
Vou tentar.
Prometo.
Amanhã…
Será apenas mais outro Amanhecer!
@esmeralda (Agosto 2004)
Tributo a Fernando Pessoa
Flores no campo, de Roberto Pimenta (retirada daqui)
Sou um guardador de rebanhos
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar numa flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei da verdade e sou feliz.
Alberto Caeiro
Porque hoje somam-se 123 anos desde o nascimento do inigualável e genial Fernando Pessoa, partilho um dos poemas que mais gosto, de um dos seus heterónimos - Alberto Caeiro, porque acredito que é nas pequenas coisas da vida que podemos beber felicidade - um sorriso, uma tarde de sol, uma música, um abraço, a companhia de um amigo... Por vezes é quanto basta para nos sentirmos em plena comunhão com o [nosso] mundo.
11 junho 2011
A escrita chama por nós...
«Havia um livro imaginário com páginas que latejavam ao ritmo da sua própria angústia. As palavras eram soletradas a uma distância que me impossibilitava de as repetir, e muito menos escrever. Corri pela rua fora. Cheguei ao paredão da rocha. Voltei-me. De braços na horizontal, em paralelo com o horizonte, fixei o olhar para além das pequeninas montanhas que se elevavam por detrás da mancha esbranquiçada do casario. Olhei o moinho. Sorri-lhe. Minha testemunha de insossego. Companheiro fiel de noites em que naveguei à deriva. De respiração contida, pus-me à escuta. Reconheci, afinal, que as palavras eram a voz que, há séculos, me perseguia como sombra, misto de agonia e ternura. Tentei, a medo, iniciar um diálogo que foi interrompido logo que a primeira sílaba da minha boca se despediu, no ar. Foi a voz que falou primeiro:
- Não sabes como iniciar esta estória, não?
Tal pergunta era exactamente a que eu esperava. Como rafeiro envergonhado, refugiei-me no gesto de desenhar pequenos círculos com o meu pé descalço no chão de areia solta e juncado de palha. A voz pareceu-me sorrir. E ordenou-me:
- Escreve, já que o teu tempo foge como as nuvens sopradas pelo vento. Escreve!»
- Não sabes como iniciar esta estória, não?
Tal pergunta era exactamente a que eu esperava. Como rafeiro envergonhado, refugiei-me no gesto de desenhar pequenos círculos com o meu pé descalço no chão de areia solta e juncado de palha. A voz pareceu-me sorrir. E ordenou-me:
- Escreve, já que o teu tempo foge como as nuvens sopradas pelo vento. Escreve!»
José Francisco Costa (in Mar e Tudo, 1998)
03 maio 2011
Publicar
Mais uma editora, que vi agora:
Editora Edições Esgotadas [ Moimenta da Beira / Viseu ]
No Facebook » http://www.facebook.com/EdicoesEsgotadas
E o site » http://www.edicoesesgotadas.com/blog
Editora Edições Esgotadas [ Moimenta da Beira / Viseu ]
No Facebook » http://www.facebook.com/EdicoesEsgotadas
E o site » http://www.edicoesesgotadas.com/blog
Etiquetas:
publicação
01 maio 2011
Magnólia Mater
à minha mãe
com todo o carinho e admiração
Salve! Magnólia
de gestos delicados
Divina sois Vós
entre as árvores
Da terra Vos elevais
entre a fragilidade daqueles
que sob os céus se movem
madureceis
Dolorida e alva floresceis
com um raio de sol centrípeto
o frémito da avassaladora ternura
de uma rosácea pétala
Tenazmente enfrentais
cada rude sopro
e não obstante
as inúmeras folhas que verteis
nunca deixais de florir
Com Vossas seis canções
nos embalai
e frondosa, verdejante
purificai em nós
a locomotriz vontade de sonhar
A doçura Vossa nos dai hoje
alimentando em nós
o radioso sorriso de criança
que ainda em nós vedes
que um dia fomos, seremos
Perdoai as nossas tentações
subtil e esplendorosa sedutora
e acolhei-nos na Vossa sombra
cálido regaço maternal
Sublime fruto terrestre
influxo da vontade de viver
reflexo da própria vida
Com Vossa força guerreira
cuidai de nós
agora e sempre
mesmo além da morte
Salve!
Magnólia Mater
Lobo das Estepes @ 2002
24 abril 2011
Leanore´s nursery rhyme- on a friend´s birthday
Some twenty years ago
Mummy and Daddy
wrote to Paris.
A score and one years ago,
a storch let a bag go.
Mummy and Daddy
opened the door
And look what they found,
on the floor!
Was it a birdie, was it a hound?
Neither, nor.
It was sweety and yummy ...
Leanoooooore!
18 abril 2011
O Papagaio Falador
História escrita por uma menina de 10 anos a quem dou explicações
----------------------------------------------------------------
Era uma vez um Papagaio falador que falava pelas orelhas, parecia que estava a pedir a alguém para cuidar dele. Quando alguém passava por ele só falava.
Um dia veio uma menina que gostava muito de ter um papagaio e disse:
- Olá! Lindo Papagaio, queres vir comigo até minha casa para cuidar de ti?
E o Papagaio com uma voz fininha disse:
- Sim!
E lá foi a menina com o papagaio falador. A menina pensou que a primeira coisa a fazer era treiná-lo para estar preparado. Colocou-o dentro de uma gaiola e assim o fez.
Quando a menina dizia uma palavra, o Papagaio repetia. Ela achou uma graça ter um Papagaio, pensou muito bem e inscreveu o Papagaio num concurso.
Quando a menina foi para o concurso com o Papagaio eles obtiveram o 1º lugar.
O Papagaio disse:
- Fiz isto por ti por teres cuidado de mim, senão teria perdido
@Cristiana Raquel - Abril de 2011
16 abril 2011
100 anos Bombeiros Voluntários dos Carvalhos-V.N.de Gaia
Cem anos, mil anos, milhares de vidas,
dadas e recebidas.
Eles aí estão!
contra e com,
os quatro elementos
...Prontos em todos os momentos.
Eles aí estão!
Sem medo, mas temendo-o,
No silêncio ensurdecedor
de uma ambulância.
No poste que encarcerou o gato,
no poço que condenou o cão,
na chave perdida ou esquecida,
na sina que marcou o irmão.
Eles aí estão!
A toque de corneta, telefone, telemóvel
e cometa.
Eles aí estão!
Titãs, cruzados, helénicos heróis,
purificados na água que apaga a fúria dos sóis,
pedindo clemência, na luta da fossa abissal.
Eles aí estão!
Recompondo das partes o todo já não são.
Humildes na farda, garbosos na parada,
dourados de insígnias, coroados de espinhos,
crucificados de perigo.
Sonho de meninos, tarefa de Homens,
Fado de vida.
E sempre, sempre
Ao lado do estranho e do amigo,
na vinda e na ida,
Eles sempre estiveram, estão e estarão!
dadas e recebidas.
Eles aí estão!
contra e com,
os quatro elementos
...Prontos em todos os momentos.
Eles aí estão!
Sem medo, mas temendo-o,
No silêncio ensurdecedor
de uma ambulância.
No poste que encarcerou o gato,
no poço que condenou o cão,
na chave perdida ou esquecida,
na sina que marcou o irmão.
Eles aí estão!
A toque de corneta, telefone, telemóvel
e cometa.
Eles aí estão!
Titãs, cruzados, helénicos heróis,
purificados na água que apaga a fúria dos sóis,
pedindo clemência, na luta da fossa abissal.
Eles aí estão!
Recompondo das partes o todo já não são.
Humildes na farda, garbosos na parada,
dourados de insígnias, coroados de espinhos,
crucificados de perigo.
Sonho de meninos, tarefa de Homens,
Fado de vida.
E sempre, sempre
Ao lado do estranho e do amigo,
na vinda e na ida,
Eles sempre estiveram, estão e estarão!
Obrigada, Bombeiros!
16.4.2011
14 abril 2011
Romeu
Ou o Outro Lado da Vida
Sempre que chegava da universidade atirava com os livros para cima da mesa. Olhava para o relógio. Mudava de roupa apressadamente. Pegava na mochila e nas chaves do carro. Batia com a porta. Descia as escadas a três e conduzia até ao outro lado da cidade.
Quase sempre fazia um pequeno desvio e parava no MacDonalds. Nunca olhava para o menu folclórico e apelativo. Em vez disso, gritava “hambúrguer e Coca-Cola” para o altifalante que lhe respondia com guinchos incompreensíveis. Pagava com moedas já contadas. Enfiava o saco na mochila e seguia até à área de serviço na A19.
Estacionava sempre no mesmo lugar. Era uma das grandes vantagens. Havia sempre estacionamento (e gratuito). Tirava então a mochila (com o saco do MacDonalds) e preparava-se para fazer mais um turno até à meia-noite. Só assim, conseguia pagar as prestações do carro que tinha comprado no verão passado.
Quando as horas eram mortas, ou não havia clientes, tirava da mochila o livro do Saramago (que levava para todo o lado) e lia mais umas páginas do “Ensaio sobre a Cegueira”.
Romeu sabia que a vida não era nenhuma “Julieta”. E mesmo que fosse uma “Julieta” não tinha pais ricos. Entre a universidade e a área de serviço ia tentando equilibrar a vida. Como um malabarista.
Às vezes parava a meio de uma página da “Cegueira”. Ficava a olhar para o reclame luminoso da bomba de gasolina e pensava na cegueira dos colegas. Ria-se então sozinho. Abanava a cabeça e murmurava entre dentes — Como é fácil enganar os outros.
@esmeralda 4 Abril 2011
Nota: Baseado num exercício da EC: criar uma personagem
12 abril 2011
Kate
Livros por ler, de Pedro de Payalvo (retirada daqui)
Não lhes resiste. Seja biblioteca ou livraria nunca de lá sai sem companhia.
Esquece que o tempo se perde. Capítulo após capítulo viaja a épocas desconhecidas, conhece personagens para as quais deseja roubar as cores ao arco-íris e pintar-lhes um final feliz; para outras apenas deseja ter, à mão, uma borracha para as apagar da história. Vive intensamente aventuras que não são as suas. Sofre e ri. Assusta-se e deixa-se contagiar pela magia das palavras.
A última página de cada livro sabe à nostalgia do último dia de férias. Um cair da tarde inspirador que se deseja eterno.
No final, e antes de guardar o livro na estante, reserva sempre algum tempo para se despedir dele. Uma nova viagem está prestes a começar!
[Exercício EC - O traço de uma personagem]
a inevitabilidade da tragédia
Quando se ajoelhou no chão para beijar uma aranha morta, o anjo que vive escondido na sombra do remorso segredou-lhe ao ouvido: «Essa paixão pelas coisas flamejantes é um animal revoltado contra a inevitabilidade da tragédia».
A mulher com olhos de peixe respondeu-lhe que ela própria era uma cidade em chamas. Saiu à rua; sentou-se a ouvir a alegria dos pássaros esmorecer.
Depois do vento lhe soprar as escamas do rosto e frio da noite lhe beijar os pés, enforcou-se no umbral da porta porque lhe faltaram os fósforos para incendiar a misericórdia do tempo.
09 abril 2011
Cem Toques Cravados
http://www.cemtoquescravados.com/p/algo-sobre-micronarrativas.html
Para quem gosta de microcontos apesar de ser de um escritor brasileiro
Para quem gosta de microcontos apesar de ser de um escritor brasileiro
08 abril 2011
5 de Abril de 1994
Dia 3 foi dia de Páscoa.Os sinos não puderam tocar...
"Silêncio, morreu um poeta lá no morro"- a pessoa linda do Professor Agostinho da Silva deixou-nos. Ele, a sua obra, a sua simplicidade, liberdade e raiva vão ficar sempre nos portugueses que ainda gostam deste Portugal saqueado pela ostentação. A sua figura branquinha, tão povo puro, tão iluminada. O brilho que emanava do seu conversar, a sua imagem ao lado do gato, também ele com ares sábios. Quantos pensamentos, saberes, olhares terão partilhado?
Foi velado nos Jerónimos, oposto e paralelo dele mesmo. Não haveria mosteiro à sua altura, e mais do que uma campa rasa seria insulto à sua realidade asceta.
Querido Professor, não lhe pude enviar "uma fitinha para o chapéu", mas espero que me guarde, junto de si, um lugarzinho no céu.
"Silêncio, morreu um poeta lá no morro"- a pessoa linda do Professor Agostinho da Silva deixou-nos. Ele, a sua obra, a sua simplicidade, liberdade e raiva vão ficar sempre nos portugueses que ainda gostam deste Portugal saqueado pela ostentação. A sua figura branquinha, tão povo puro, tão iluminada. O brilho que emanava do seu conversar, a sua imagem ao lado do gato, também ele com ares sábios. Quantos pensamentos, saberes, olhares terão partilhado?
Foi velado nos Jerónimos, oposto e paralelo dele mesmo. Não haveria mosteiro à sua altura, e mais do que uma campa rasa seria insulto à sua realidade asceta.
Querido Professor, não lhe pude enviar "uma fitinha para o chapéu", mas espero que me guarde, junto de si, um lugarzinho no céu.
07 abril 2011
Pesadelo
Regresso, vezes sem conta, ao inferno onde durante muito tempo fui. Não passei de um fugitivo.
O calor dos dias intermináveis, a vegetação a agredir-me o corpo encharcado de medo e o eco dos corpos inertes perdidos para sempre naquele labirinto, fragmentos de histórias inacabadas povoam-me e não me libertam.
Acordo, sentado na cama, com uma angústia que me toma.
Lá fora chove…
Arrepio-me de frio e, depressa, aconchego-me nos cobertores, aninho-me junto ao teu corpo quente. Concentro-me na tua respiração para apaziguar esta tormenta que me invadiu e me impede de dormir. Pouco a pouco o tumulto dissipa-se.
Ao longe troveja, percebo-o pelo clarão que estilhaça na janela grande do nosso quarto. Porém, apesar deste pesadelo, anseio, mais do que ontem, que o amanhecer tarde em chegar.
O dia rompe a linha do horizonte, denso, cinzento como as minhas olheiras. Mal dormi. Chegou o momento da partida e sou mais um que sobe as escadas do navio, rumo ao desconhecido continente africano. Até já? Até sempre? Não sei, é cedo demais para o saber.
[O meu 1.º exercício de EC - Transformar um sonho numa história]
06 abril 2011
Sopa para três
O meu mais recente conto. Não sendo micro, é pequeno (duas páginas). Já notei que faz confusão a algumas pessoas a escrita "abrasileirada", mas eu gosto muito assim como está, amanham-se! :p
online » Sopa para três
banda sonora » "chega de saudade"
online » Sopa para três
banda sonora » "chega de saudade"
O texto que seguiu a tempo
Os papéis ganhavam vida e espalhavam-se por todo o lado. Já nem se viam os livros, fugiram os autores. Nem uma referência. Procurar? Não havia tempo e a memória apagou-se como um pavio gasto. Escreve, escreve or else! As horas já tinham passado, os minutos também. Pára, relógio! Avaria, gmail!Não consultem o mail, não vejam que ainda não há nada em meu nome. Durmam muitas horas, não liguem o computador. Não deixasses a miúda ter mexido no teclado. Duas páginas, eu consigo. Afinal ainda faltam três. Não faço, não participo, não brinco. Amuei.
Acordei no escritório, debruçada na secretária. Vi Your message has been sent. Tirei os óculos retorcidos e encostei-me no outro lado do teclado. Amanhã há mais!
Acordei no escritório, debruçada na secretária. Vi Your message has been sent. Tirei os óculos retorcidos e encostei-me no outro lado do teclado. Amanhã há mais!
04 abril 2011
NOTA DE SUICÍDIO DE CESARE PAVESE
(No livro Dialoghi con Leucò)
Perdoo todos e a todos
peço perdão. Está bem?
Não façam demasiados mexericos.
Deixo e assino, assim
como uma estela
num buraco negro dos meus olhos
nesta página de um livro
que ficará como diálogo da tristeza
com o fim.
4.4.2011
João Tomaz Parreira
.
Que aconteceu ao Et Quoi?
Que pena que eu tenho de ver o Et Quoi moribundo.... morrendo lentamente de tédio e de solidão!
Que aconteceu ao Et Quoi? Onde estão os vossos comentários fantásticos sobre o que escrevemos?
Ou os vossos contos? Pensamentos? Videos? Pequenas partilhas???
Que aconteceu??
Vamos deixar o Et Quoi morrer?? Ou vamos desperta-lo, agora que chegou a Primaver??
Vá lá!! COMENTEM!!
Que aconteceu ao Et Quoi? Onde estão os vossos comentários fantásticos sobre o que escrevemos?
Ou os vossos contos? Pensamentos? Videos? Pequenas partilhas???
Que aconteceu??
Vamos deixar o Et Quoi morrer?? Ou vamos desperta-lo, agora que chegou a Primaver??
Vá lá!! COMENTEM!!
31 março 2011
Esperando Com O Coração na Boca
Helena mexeu-se na cadeira. Inconfortável. Cruzou e descruzou as pernas já dormentes e olhou para o relógio. Pendurado na parede desbotada. Onze da manhã! Que chatice! Pensou. Já estava ali desde as nove. Tinha entrado nervosa. Apressada. Munida de um papel e de incertezas. Uma mulher pequena e magra mandou-a sentar numa cadeira. Espetou-lhe uma seringa no braço. Sugou-lhe o sangue para dentro de um vidrinho. E com um ar seco disse: Espere na sala por favor. E foi-se embora com o tubito deixando-a sozinha, a olhar para a pequena televisão. Desbotada. Como as paredes da sala.
Agora ninguém lhe dizia nada. Limitavam-se a passar por ela com as suas batas brancas, abertas. Como as asas cortadas das galinhas prontas a serem depenadas. E por falar em galinhas. Já eram horas de fazer o almoço. O Joaquim vinha sempre almoçar a casa e o frigorífico estava vazio. Os miúdos, esses…. Almoçavam na escola. Ainda bem. Era menos uma preocupação. Já bastava o caniche nervoso que a irmã tinha deixado. Ainda por cima urinava pelos cantos da casa. Ou papagaio irritante que o Joaquim tinha trazido da Guiné. Barulhento. Incomodativo. Para não falar dos gatos persas que largavam pêlo por todo lado. Enfim! Uma trabalheira.
E agora isto!
O médico tinha dito que não devia ser nada. As análises eram apenas uma precaução. Mas isso também tinha dito o outro médico. Quando andava com hemorragias depois do nascimento do Miguel. E o que aconteceu? Acabou por ser operada. Seis dias infernais no hospital e a casa de avesso. E se fosse mais do que um simples caroço?
Helena estremeceu! Tirou da mala pela milésima vez o telemóvel. Não havia mensagens. E porque havia de ter? O Joaquim nunca lhe telefonava e os miúdos só quando precisavam de qualquer coisa. Suspirou. Voltou a meter o pequeno aparelho na mala. E se fosse cancro? Não tinha sido a Tia Elvira que morreu de cancro? Coitada. O que ela sofreu. Apagou-se em menos de seis meses. Quem tomaria conta dos miúdos. O Miguel ainda era tão novo. E o Joaquim? Quem lhe iria passar as camisas a ferro e preparar o almoço todos os dias?
Limpou as mãos suadas à saia. Amarrotada. Endireitou-se na cadeira. Tentou pensar no que ia fazer para o jantar. Bacalhau cozido “com todos”? Não. Ainda tinham comido peixe ontem. Talvez passasse pelo talho do Sr. António e comprasse uns bifinhos de peru. Se calhar era melhor mandar uma mensagem ao Joaquim a dizer que fosse almoçar fora. Já era quase meio-dia e continuava ainda ali. Especada. Olhando para televisão. Vazia. De coração na boca.
De repente a porta abriu-se.
Helena parou de respirar. O Bata Branca erguia-se à sua frente. Enorme. Assustador. E nas mãos… o resultado dos exames!
Entre por favor!
@esmeralda - 29 Mar 2011
19 março 2011
14 março 2011
As Rosas Também Choram
A cancela estava aberta. Entrou no jardim com o passo sobressaltado. Apanhou uma rosa esquecida do chão e cheirou-a com um ar distraído. Não olhou a beleza das pétalas que se desfaziam. Nem escutou o melro que espreitava por entre os ramos do pinheiro, com olhos amarelos. Simplesmente levou a rosa ao nariz num gesto automático. Como quem cheira um perfume ou uma peça de fruta no supermercado.
Suspirou. Deitou fora a flor com um trejeito cansado e sentou-se… no chão. Encostou-se ao muro de pedra que corria à beira da cancela. Abraçou os joelhos e poisou o rosto nas mãos entrelaçadas. Com os nós dos dedos brancos, apertados como cordas. Rústicas, grossas, inquebráveis. E de olhos na estrada deserta, preparou-se para esperar.
Por ele…
Ele que dissera que vinha e não vinha. Ele que lhe enchia o coração e aquecia a alma. Ele que prometia e se esquecia. Ele que estava sempre presente em cada pensamento e tão ausente em cada momento. Ele…
E deixou cair uma lágrima nas pétalas já murchas da rosa desfolhada aos seus pés.
Sim, porque as rosas também choram!
Suspirou. Deitou fora a flor com um trejeito cansado e sentou-se… no chão. Encostou-se ao muro de pedra que corria à beira da cancela. Abraçou os joelhos e poisou o rosto nas mãos entrelaçadas. Com os nós dos dedos brancos, apertados como cordas. Rústicas, grossas, inquebráveis. E de olhos na estrada deserta, preparou-se para esperar.
Por ele…
Ele que dissera que vinha e não vinha. Ele que lhe enchia o coração e aquecia a alma. Ele que prometia e se esquecia. Ele que estava sempre presente em cada pensamento e tão ausente em cada momento. Ele…
E deixou cair uma lágrima nas pétalas já murchas da rosa desfolhada aos seus pés.
Sim, porque as rosas também choram!
@esmeralda 12 Mar 2011
05 março 2011
Não sei se conto, não sei se mostro
Manhã, ó que linda manhã!
Tinha formiguinha, tinha passarinho, tinha até menino.
O bombeiro bateu no polícia e o homem-aranha nem reparou.
Tinha um índio a brincar com um cowboy e mais bichinhos à volta.
Tinha soldados de vários exércitos,
Tinha fadas, columbinas, serpentinas,
Borboletas e mais figuretas.
Felizes, a fazer fazer figuras e piruetas.
Tinha uma vaquinha, um coelhinho e uma girafa bem alta
E tinha um menino de fato,
O mais pequenino,
Que com a bengala,
Dirigia a orquestra,
Das luzes da ribalta.
Manhã de Carnaval!
Amy Tan: Where does creativity hide?
Excelente apresentação acerca da creatividade. Pena não ter legendas em Português mas penso que se entende bastante bem.
04 março 2011
As Escadas ou o Teu Adeus
Mais um dia. Bocejei. Olhei furtivamente para o relógio que tremulava uma da manhã. Poisei o livro com um gesto cansado. Tirei os óculos. Atirei-te um beijo mentalmente e mergulhei na escuridão.
De repente senti o frio roçar a pele. Estremeci. Virei o rosto num gesto mecânico. No canto do quarto vislumbrei umas escadas de pedra. Negra pelo tempo ou pelos pesadelos. Avancei. E num movimento lento como que em câmara lenta, comecei a descer os degraus gastos. Um a um. Sentindo o polido do granito nos meus pés descalços. Gelado. Escorregadio. Entranhando-se na minha camisa de noite branca. Longa. Agarrando-se ao meu corpo com uma luva de látex.
Continuei a descer. Arrepiando a cada passo. Os meus pés doíam. O meu corpo gritava “pára”! Mas só conseguia pensar em ti. Em descer mais um degrau. E mais outro. Na direcção ao teu rosto que pairava ao fundo das escadas.
Chamei-te. Mas o teu nome perdeu-se na imensidão das escadas. Sem eco. Estendi as mãos e tentei tocar-te. Encontrei apenas vazio. Não vás! Gritei. Mas nada saiu da minha garganta rouca. Só o silêncio. E os teus olhos escuros a dizerem-me Adeus!
26 fevereiro 2011
25 fevereiro 2011
24 fevereiro 2011
microCONTO
No centro da pista, o DJ cego pressentiu uma mulher serpenteando ao ritmo hipnótico da White Party. Abrindo as asas, sobrevoou a multidão e iniciou um voo espiralado ao encontro do chamamento magnético. Chegado junto dela, leu-lhe o nome, gravado no anel: Íris? Eu chamo-me Marco. Quando os lábios de ambos se uniram e o amplexo cruzou o ar, todos os presentes na festa despiram as vestes brancas e fizeram luzir os corpos multicolores.
banda sonora » banda sonora » oryx - "once upon a time"
Lobo das Estepes @ 24.fev.2011
banda sonora » banda sonora » oryx - "once upon a time"
21 fevereiro 2011
Sombras… nada mais!
Era o paraíso! Visto do lado do mar o panorama é maravilhoso: os rochedos em cutelo, fragas vivas, em alcantilados, cortados a pique, até às minúsculas praias, rendilhadas de enseadas. (…) Por toda a parte arbustos, nascidos no vento, fazem-se árvores, aproveitando o orvalho e a geada que ficou da noite. Esconderam-se e erraram nas suas sombras, como noutros tempos os ermitãs e pensadores, homens acossados e animais feridos. Entre as pedras cobertas por musgos e habitando as celas estreitas do Conventinho da Arrábida, santuário alcandorado no meio da encosta virada a sul, (…). Mas, nas noites de temporal, com o vento inclemente e duro, com a chuva impiedosa a entrar pelas árvores, pelos musgos e encharcando a terra, os medos acoitam-se nas fragas. São as noites dos lobos, dos carneiros chacinados e dos foragidos. Em nenhum lugar a noite é mais noite e o negrume mais negro. Quando a madrugada chega e se não há nevoeiro, o sol rompe as trevas e com os seus raios rasantes vai amolecendo a desgraça. Por fim, o mar fica tranquilo.
vi este excerto no facebook (casa das letras, acho), como apresentação do livro mencionado. guardei porque me parece um exemplo excelente de: descroção, atmosfera, "unidade de efeito". por isso o partilho aqui.
João Sena, autor do livro Sombras… nada mais!
vi este excerto no facebook (casa das letras, acho), como apresentação do livro mencionado. guardei porque me parece um exemplo excelente de: descroção, atmosfera, "unidade de efeito". por isso o partilho aqui.
18 fevereiro 2011
Words, a poem by Sylvia Plath (reading and fluteboxing)
Words
Axes
After whose stroke the wood rings,
And the echoes!
Echoes traveling
Off from the center like horses.
The sap
Wells like tears, like the
Water striving
To re-establish its mirror
Over the rock
That drops and turns,
A white skull,
Eaten by weedy greens.
Years later I
Encounter them on the road----
Words dry and riderless,
The indefatigable hoof-taps.
While
From the bottom of the pool, fixed stars
Govern a life.
- Sylvia Plath
13 fevereiro 2011
Rosa Vermelha
O meu coração está nas tuas mãos
machucado, espremido, triturado,
como as pétalas delicadas
de uma rosa sangrenta.
Não me deixes aqui..
nas tuas mãos
Embriaga-me antes
devagarinho...
com suavidade ...
no perfume
na doçura
da tua boca
como as pétalas nectarinas
de uma rosa vermelha
de uma rosa vermelha
@esmeralda - 13/2/11
12 fevereiro 2011
Love is in the Air
Happy Valentine's Day....
Dos meus dois gatinhos Noi-Noi (a fêmea listada) e Whitey (o macho branco)...
11 fevereiro 2011
10 fevereiro 2011
MicroConto
Invernosa, rasgava folha atrás de folha, sem pensar que não conseguia pensar.
Achou então que Fevereiro é tempo de ver folhas brotar.
Olhou para as árvores e decidiu só observar.
Achou então que Fevereiro é tempo de ver folhas brotar.
Olhou para as árvores e decidiu só observar.
02 fevereiro 2011
Happy Rabbit Year!! I Ou antes um Ano de Coelhos aos saltos
Kung Hei Fat Choi! Happy Chinese New Year! Feliz Ano Novo Lunar!
...e que o Coelho traga o amor nos braços da Primavera, a esperança no botão das amendoeiras em flor, e a alegria aos saltos na floresta da vida!
29 janeiro 2011
Moro na possibilidade
Moro na possibilidade
Moro na possibilidade
Casa mais bela que a prosa,
Com muito mais janelas
E bem melhor, com portas
De aposentos inacessíveis
Como são, para o olhar, os cedros,
E tendo por forro perene
Os telhados do céu
Visitantes, só os melhores;
Por ocupação, só isto:
Abrir amplamente minhas mãos estreitas
Para agarrar o paraíso.
Emily Dickinson
28 janeiro 2011
Pedro Corga- Moda das capas pretas
http://www.youtube.com/watch?v=ql3Scwq0ZP8
Como era lindo com seu ar todo lampeiro
´té lhe chamavam o menino das pastas pretas
Por Aveiro caminhava o dia inteiro
Apregoava pouca treta e muitas letras.
E os colegas dos EC que passavam
Ficavam tristes a pensar nos seus papéis
Quando ele olhava com vergonha disfarçavam
E pouco a pouco desembolsaram uns mil reis
Passaram dias e os meninos de Aveiro
Usam capas de feitios mas bem pretas
Todos gostavam do seu novo portefólio
E assim nasceu a moda das capas pretas
Do Pedro Corga hoje ninguém tem ideia
Deixou saudades, foi-se embora prá escolinha
Está Aveiro carregada de mil capas
Mas capas pretas ninguém tem como ele tinha!
Como era lindo com seu ar todo lampeiro
´té lhe chamavam o menino das pastas pretas
Por Aveiro caminhava o dia inteiro
Apregoava pouca treta e muitas letras.
E os colegas dos EC que passavam
Ficavam tristes a pensar nos seus papéis
Quando ele olhava com vergonha disfarçavam
E pouco a pouco desembolsaram uns mil reis
Passaram dias e os meninos de Aveiro
Usam capas de feitios mas bem pretas
Todos gostavam do seu novo portefólio
E assim nasceu a moda das capas pretas
Do Pedro Corga hoje ninguém tem ideia
Deixou saudades, foi-se embora prá escolinha
Está Aveiro carregada de mil capas
Mas capas pretas ninguém tem como ele tinha!
Subscrever:
Mensagens (Atom)