Priberam | Comentários
Priberam » Palavra do dia |
31 outubro 2010
Tautologias
- acabamento final
- certeza absoluta
- quantia exacta
- nos dias 8, 9 e 10, inclusive
- juntamente com
- expressamente proibido
- em duas metades iguais
- sintomas indicativos
- há anos atrás
- vereador da cidade
- outra alternativa
- detalhes minuciosos
- a razão é porque
- anexo junto à carta
- de sua livre escolha
- superávit positivo
- todos foram unânimes
- conviver junto
- facto real
- encarar de frente
- multidão de pessoas
- amanhecer o dia
- criação nova
- retornar de novo
- empréstimo temporário
- surpresa inesperada
- escolha opcional
- planear antecipadamente
- abertura inaugural
- continua a permanecer
- a última versão definitiva
- possivelmente poderá ocorrer
- comparecer em pessoa
- gritar bem alto
- propriedade característica
- demasiadamente excessivo
- a seu critério pessoal
- exceder em muito
- monopólio exclusivo
- já não há mais
- ganhar grátis
- viúva do falecido
30 outubro 2010
29 outubro 2010
Olarê!
Ode to Gilinha
28 outubro 2010
Criar uma situação de suspense...será que consegui?
Aos poucos, comecei a lembrar-me da colisão de dois carros, do barulho ensurdecedor de sirenes, do burburinho de um hospital, do choro de uma criança e das súplicas de um homem. Lembrei-me do acidente. Lembrei-me de entrar no hospital e de ver as minhas mãos e o meu corpo ensanguentados. E depois, nada. Foi então que percebi onde estava e o que me acontecera. Estava dentro de um caixão, vários metros debaixo do solo.
Senti o sabor do pânico na boca. Rasguei o tecido que me envolvia. Esperneei e contorci o corpo na busca vã por uma saída. Arranhei a madeira que me encerrava. Gritei. Gritei até ficar rouca.
Por fim, rendi-me ao desespero e as lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. Não podia fazer nada. Não havia salvação possível. Recordei o rosto do meu filho, os seus olhos brilhantes e o seu sorriso radiante. Nunca mais o veria.
Começava a ser difícil respirar quando as ouvi. Duas vozes acima do local onde me encontrava enterrada. Estavam a metros de distância, mas mesmo assim conseguia ouvi-las. Senti uma luz acender dentro de mim. Murmurei uma prece. Procurei pela minha voz. Estava fraca, mas ainda podia gritar. Voltei a espernear e a arranhar as paredes do caixão. Eles tinham de me ouvir. Não podia parar. Não podia desistir agora.
Don Antonio
Don Antonio, fale-me de si.
Ecos de Silêncio
The bomb that wouldn´t go off
The Bride
Do outro lado
25 outubro 2010
Exercício 2: Contar vs. Mostrar!
Relembro a frase ( "O Gustavo está a ter um ataque de pânico.")
Antes de terminar, quero acrescentar que apesar de ainda nem ter passado semana da criação do nosso blog, já sinto os benefícios desta troca de ideias, que tem sido tão profícua e intensa... Agradeço aos meus colegas "bloggers" e espero que esta simples ideia tão comum de criar um blog, dê frutos num futuro tão próximo quanto risonho para todos.
Boas correcções e boas leituras...
Ana
24 outubro 2010
Exercício 1: descrever um objecto sem utilizar o sentido da visão!
ECUA @ Facebook
Uso esta rede social muito pouco, mas talvez seja uma plataforma melhor que o blogger, não sei... Logo se vê a receptividade, e se vale a pena manter o grupo.
Exercício 1: O Junco
Pediram-me para tocar e toquei. O polido quente contrasta com a superfície fria do marfim. Faz lembrar um pedaço de madeira a flutuar num mar de leite. O cheiro velho recorda países antigos, exóticos. As arestas pontiagudas do mastro são como as agulhas do tempo.
Brinco com ele nos meus dedos. Tão pequeno. Tão delicado. Certamente obra de algum mestre com mãos viajantes. Fecho os olhos e sinto. Os aromas, os sabores, os ruídos dos mercados asiáticos. Suspiro. Continuo a navegar no tempo e no meu pensamento. Respiro a brisa dos portos distantes. Escuto o canto de sereia dos marinheiros. Saboreio o sal nas velas gastas pelos ventos. Então peço: “Leva-me para longe. Mais a Oriente!”
E foi assim. Remando no meu mar de recordações, numa miniatura de marfim, que fui parar a um pequeno porto encaixado na costa do sul da China chamado Macau.
Quando lá cheguei tinha 14 anos (quase 15). Macau não passava de um lugar distante que a minha mãe falava nos serões da minha infância portuguesa. E agora estava ali. Presente não só na minha mente como também no meu físico. Tão dolorosamente próximo. Com todos os sabores e cores do Oriente. Ofuscando a minha ingenuidade de menina-mulher.
Pois é, ali estava eu. Na terra onde nasci, na terra que me tinha dado os olhos em bico, a avó chinesa, e os sonhos povoados de budas barrigudos e dragões embutidos em arcas de cânfora. Agora só me restava aceitar. O barco já tinha partido e eu tinha ficado em terra. E Macau estava ali, à minha frente, à minha espera. Dei um passo. Devagarinho. E entrei no turbilhão euro-asiático que me iria envolver nos próximos oito anos (e o resto da minha vida).
O junco fazia parte desse turbilhão. Vi-o pela primeira vez da janela do meu quarto. Parado ali nas águas quietas e castanhas do rio Pérola. Não fazia a mínima ideia do que estava ali a fazer. Mas na minha ingenuidade de recém-chegada também ainda não sabia muito bem o que era um junco. Ouvi um ruído cansado de chinelos a arrastar no chão. Virei-me. A minha empregada Maria entrava no meu quarto com um monte de toalhas nos braços.
- Maria, que barco é aquele? Perguntei apontado para a janela.
Maria, que era chinesa mas filha adoptiva de um casal macaense, respondeu-me naquele “chinoportuguês” castiço que tinha aprendido por casa:
- Tai-siu-ché (que queria dizer filha mais velha em cantonês) é um junco-áh.
- E o que é um junco-áh?
- Ai-yá Tai-siu-ché!! Então não sabela que junco é baco-áh!
- Queres dizer que o junco é um barco?
- Ay-lá! Junco sê baco. China usá junco pa apanhar peixe. Peixe muito bom. China viver no junco. Tudo viver no junco.
- Como é Maria? China? Queres dizer os Chineses? Ah, está bem. Então eles vivem nos juncos? É isso?
- Ay-lá! China viver no junco. Comer no junco. Pescar no junco. Dormila no junco. Até cão e galinha viver no junco.
- Como? Fazem tudo no junco? Até têm cães e galinhas no junco? Que giro! – Respondo toda contente - Mas diz lá Maria, o que é que está o junco ali a fazer? – E apontei para a janela.
Maria olha-me como se eu não regulasse muito bem. Abana a cabeça. Solta dois ou três “Ai-yás” e responde:
- Junco ir muito longe e voltar com peixe. Muito taifoon. Muito peligroso. Muito china molir. Ai-yá! Muito mau. Má sorte. Agola junco descansá. E China pedir muita sorte e peixe à A-Má (que é a deusa protectora dos pescadores chineses).
Vira-se. Abana a cabeça outra vez. Suspira. Resmunga mais um ou dois “Ai-yás” e diz ainda:
- Tai-siu-ché! Hoje almoço muito bom. Tu gostar muito. Hoje comer português cozido.
Franzi os olhos num grande ponto de interrogação. Mas ela já ia chinelando até à cozinha para remexer nas panelas onde fumegava um cozido-à-portuguesa.
E eu ali fiquei. Especada na janela. Olhando para o junco parado no horizonte. Pensando nos pescadores chineses. Nas suas famílias. Nos seus destinos. Nos tufões que tinham enfrentado. Na pesca nos mares amarelos da China. Nos seus cães, nas suas galinhas, e até no “português cozido” que ia almoçar.
ex.2 » contar vs mostrar
Não me apetece voltar ao hospital. Estou farta, farta! É suposto eu afinal lutar porquê? Os meus dois filhos já os criei, com sacrifício e esmero; eles próprios são hoje bons pais, como eu fui. Divorciada, devo agora manter-me atraente para quem? Para os solteirões do clube de leitura? Para agradar aos meus filhos? Receber os netos? Não!
Já fiz tudo aquilo a que uma mulher de origens modestas pode aspirar. Visitei até a Torre Eiffel; levou-me o Alberto, quando ainda éramos felizes, e beijámo-nos lá em cima — o vento a soprar-me nos cabelos e aqueles braços a apertarem-me contra ele, com desejo, apaixonado. Fiz também o curso de modelação em barro com que sempre sonhei; ainda guardo todas as peças, belas, menos o cinzeiro que lhe ofereci — cabrão! —; não cheguei a participar em nenhuma exposição, mas nunca tive muito tempo livre, nem o talento...
Agora, quero apenas olhar os gatos, da minha janela; sossegada, enquanto bebo o meu chá de jasmim; longe de tratamentos que só me causam dores e angústia, que fazem de mim mais uma preocupação, um estorvo. Continuar com esta tortura para quê? Para ganhar mais uns meses? Uns anos? Não, estou farta!
O que mais posso agora esperar, que não dores e desilusões? Não acredito num futuro onde seja feliz; estando o meu corpo deformado, incompleto.
Não; já tive a minha quota-parte de felicidade.... Até já fui a Paris, cinco dias; fiz amor apaixonadamente, todas as noites; comi croissants; passeei no meu vestido novo — ofereceu-mo ele, uma semana antes de partirmos — apreciando os pintores, ali, ao vivo, na minha frente, colorindo as avenidas...
exercício proposto por uma colega:
"mostrar que a Inês tem canco da mama"
novembro de 2010
ex.1 » descrição
Seis.
Enquanto me marchava lentamente pelas costas acima, consegui distinguir-lhe perfeitamente cada umas das seis patas, rígidas mas suaves. A pressão ligeira que exerciam, ao pousarem-me na pele despida, produzia um efeito relaxante juntamente com uma sensação de calor. Estas ondas mornas, mais psicológicas do que físicas, ecoavam-me pelo dorso banhando-me de saudades dos teus dedos longos de aranha. Cheguei mesmo a sentir o arrepio das tuas unhas negras... beijando-me.
Quando chegou ao meu ombro esquerdo, não resisti a tocar-lhe o corpo ovalado: absolutamente liso e simétrico; não lhe notei qualquer diferença entre as zonas anterior e posterior. Quando a cariciei com a ponta do indicador, com aquela vontade de puxar-te a mão para os lábios e beijar-ta, a criatura ronronou-me ao ouvido, exactamente como tu o fazias quando me recolhia no teu peito perfumado de cerejas vermelhas... prontas a trincar.
Curioso, mas demasiado sonolento para acender a luz do quarto, peguei na bichinha com cuidado e guardei-a na gaveta da mesinha de cabeceira.
Puxei o lençol, que me havia descaído para o fundo das costas, e rendi-me à saudade de acordar no teu aconchego... enquanto a manhã navegava rumo à minha janela.
outubro de 2010
23 outubro 2010
Sharing some beautiful sentences!
" A pessimist sees the difficulty in every opportunity; an optimist sees the opportunity in every difficulty."
Winston Churchil
"Anyone who has never made a mistake, has never tried anything new." Albert Einstein
"No one can make you feel inferior without your permission." Eleanor Roosevelt
" A quitter never wins and a winner never quits." Napoleon Hill
"Let me tell you the secret that has led me to my goal. My strenght lies solely in my tenacity." Louis Pasteur
and finally,
"Imagination is more important than Knowledge." Albert Einstein
You may reflect on this..if you have the time, the energy and the will...
Have a great weekend
Ana
22 outubro 2010
O VALE DAS IGREJAS BRANCAS
Desfizeram-se naquele ano que choveu todo o verão até à primeira feira de Outubro. Os pregos sustinham bocados de madeira que formavam uma transparência que mais parecia uma teia de aranha. Um dia de grande vento, os pregos começaram a voar e não ficou nem sequer a sombra das portas.
Quando os pardais se puseram a fazer balbúrdia lá dentro, o ar ficou cheio de penas que caíam no chão como se tombassem das asas dos anjos em voo no tecto.
De repente, uma noite, as igrejas ruíram todas juntas.
Um montanhês que vive abaixo de Badia ergue a mão direita com o cajado e aponta lá no fundo do vale uns montões de pedras e caliça brilhantes como baba de caracóis.
Tonino Guerra, in O LIVRO DAS IGREJAS ABANDONADAS
Exercício 2: Pura Magia
Caros velhacos e velhacas,
Lembram-se do "Márcio é um ilusionista sem braços?"
Pois é, obrigado pelas vossas palavras encorajadoras e videos fascinantes sobre o tema. Foram a minha fonte de inspiração. Custou mas acho que finalmente consegui dar um pouco de vida ao pobre Márcio. Aqui vai. Espero que gostem.
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As cortinas abriram-se e os holofotes focaram-me mesmo no meio do palco. O silêncio caiu sobre a plateia. Fiquei apavorado apesar de as luzes me ofuscarem. O choque na sala era tão intenso que quase se ouvia a respiração e o horror espelhado nos olhos.
Fiquei sem saber o que fazer. Assim, sem jeito. O coração começou a bater apressado no peito. Tinha que fazer algo. E rápido. Antes que as centenas de olhos que me fixavam se apercebessem do suor que já borbulhava na testa.
Respirei fundo. Sorri. Com um leve movimento de mangas vazias fiz uma vénia. Dobrei-me e retirei duas bolas multicolores. Rapidamente, com um único aceno da cabeça, pu-las a dançar no ar fazendo-as depois desaparecer no bolso esquerdo, de onde retirei com os dentes um lenço de seda.
Os olhos continuavam a fitar-me. Expectantes, duvidosos ou maravilhados? Talvez… seja como for, não podia falhar. Esta era a minha oportunidade.
Sorri mais uma vez. Lancei o lenço ao ar num gesto de bailarina e deixei-o pousar suavemente no meu pé esquerdo. E, com um rápido trocadilhos de pernas, deslizei-o para dentro das calças. Depois, com o pé direito fiz aparecer um ramo de rosas vermelhas! Aí está! Pura magia. O meu truque mais complexo. Trabalhado até ao detalhe: a ilusão perfeita criada apenas por gestos rápidos.
Rodopiei os pés. Levantei a cabeça. Apanhei as rosas com a boca e fui hospeda-las no colo da rapariga de olhos tristes sentada no lugar da frente. Ela ergueu-se e gargalhou. A plateia rebentou numa onda de aplausos.
Fechei os olhos. Deixei-me envolver pelo rugido da sala. Ah, como é bom o sabor do sucesso. E num último gesto, abrangi a plateia num largo abraço dos meus braços inexistentes. Tinha conseguido mais uma vez. Afinal os braços não eram assim tão importantes. O que contava mesmo era a ilusão.
21 outubro 2010
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Chainstory!
Pensei que poderíamos escrever uma história acerca da festividade americana que se aproxima, sabem qual é?
Não ouvi...lol...que disseram? LOL
Podia ser um conto...aquele género literário que tem características tão específicas e depois há excepções fabulosas como o "Christmas Carol" do Charles Dickens, que foge à regra não só no número de personagens, mas também no número de páginas e até no enredo...Mas mesmo assim, teoricamente ando a documentar-me mais...é um género que me interessa particularmente e em Portugal escreve-se pouco!
E já agora alguém sabe explicar a diferença entre contos (tales) e short story...? Lanço o desafio...gostava de perceber melhor, com a vossa ajuda, claro, a dicotomia entre estes dois géneros...se puderem ajudar...agradeço!
A ideia é, então, voltando ao que interessa, escrever um conto em cadeia...eu começo e vocês continuam...cada um faz um parágrafo ou dois no máximo, e no final vamos ter um conto escrito por todos...será que conseguimos? Até podemos arranjar umas ilustrações e enviar para uma editora...LOL
Escrita em conjunto...um exercício paradoxal, muito interessante, mas complicado...que vos parece?
Narra assim o início do meu/ nosso conto:
"Era uma vez uma bruxa, que não era nem boa, nem má. De nariz pontiagudo e chapéu aroxeado, Damra sobrevoava a cidade na sua vassoura ferrugenta e gasta, companheira fiel de todas as horas. Nesta época do ano, o cheiro das primeiras tartes de abóbora e o rebuliço das compras dos saquinhos de doces lembravam-lhe do seu dever de bruxa...e também lhe traziam à memória os ensinamentos da sua mãe. Ela dizia sempre que o Outono era a estação das mudanças interiores e exteriores, tempo de arrumações e limpezas, reflexão e progresso...Havia muito para fazer para além de varrer as folhas da entrada do castelo. Havia rituais de Outono, feitiços específicos que tinham de ser rigorasamente cumpridos...
Damra reclamava sempre muito destas tarefas, pois naquela altura não compreendia a sua importância. A sua mãe contra-argumentava:
- Não sejas preguiçosa nem lamechas. Não custa nada! Se fizeres tudo direitinho, ensino-te um feitiço novo. Queres?
Se não vos apetecer continuar...eu prometo que continuo...mas tenham liberdade para corrigir e ajudar a melhorar o que vos parecer menos bem...sejam "sweet" nos comentários...mas digam a verdade...lol...
Acho que o talento é relativo, mas sei que não sou tão talentosa quanto gostaria, mas imaginação não me falta, isso sei que sim...pode ser que um dia, consiga chegar ao meu sonho...de escrever para crianças e jovens...quem sabe...daqui a uns 20 anos!!!LOLOL
SeeYa
Ana
20 outubro 2010
Et Quoi
wtf is ET QUOI? f*kin' french?
nopes! ET QUOI comes from ECUA (portuguese, actually)
there it is!
have tons of fun
(this is just a first silly post, 2b edited by someone wiser...)