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22 outubro 2010

Exercício 2: Pura Magia

Caros velhacos e velhacas,


Lembram-se do "Márcio é um ilusionista sem braços?"

Pois é, obrigado pelas vossas palavras encorajadoras e videos fascinantes sobre o tema. Foram a minha fonte de inspiração. Custou mas acho que finalmente consegui dar um pouco de vida ao pobre Márcio. Aqui vai. Espero que gostem.

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As cortinas abriram-se e os holofotes focaram-me mesmo no meio do palco. O silêncio caiu sobre a plateia. Fiquei apavorado apesar de as luzes me ofuscarem. O choque na sala era tão intenso que quase se ouvia a respiração e o horror espelhado nos olhos.


Fiquei sem saber o que fazer. Assim, sem jeito. O coração começou a bater apressado no peito. Tinha que fazer algo. E rápido. Antes que as centenas de olhos que me fixavam se apercebessem do suor que já borbulhava na testa.


Respirei fundo. Sorri. Com um leve movimento de mangas vazias fiz uma vénia. Dobrei-me e retirei duas bolas multicolores. Rapidamente, com um único aceno da cabeça, pu-las a dançar no ar fazendo-as depois desaparecer no bolso esquerdo, de onde retirei com os dentes um lenço de seda.


Os olhos continuavam a fitar-me. Expectantes, duvidosos ou maravilhados? Talvez… seja como for, não podia falhar. Esta era a minha oportunidade.


Sorri mais uma vez. Lancei o lenço ao ar num gesto de bailarina e deixei-o pousar suavemente no meu pé esquerdo. E, com um rápido trocadilhos de pernas, deslizei-o para dentro das calças. Depois, com o pé direito fiz aparecer um ramo de rosas vermelhas! Aí está! Pura magia. O meu truque mais complexo. Trabalhado até ao detalhe: a ilusão perfeita criada apenas por gestos rápidos.


Rodopiei os pés. Levantei a cabeça. Apanhei as rosas com a boca e fui hospeda-las no colo da rapariga de olhos tristes sentada no lugar da frente. Ela ergueu-se e gargalhou. A plateia rebentou numa onda de aplausos.


Fechei os olhos. Deixei-me envolver pelo rugido da sala. Ah, como é bom o sabor do sucesso. E num último gesto, abrangi a plateia num largo abraço dos meus braços inexistentes. Tinha conseguido mais uma vez. Afinal os braços não eram assim tão importantes. O que contava mesmo era a ilusão.

8 comentários:

Pinky disse...

Olá menina,

Tinhas uma frase complicada e deste-lhe muito bem a volta...aponto apenas sugestões do que alteraria:

- trocadilho sem s
-retirava a expressão aí está...pura magia diz tudo ( só uma opinião)
-hospedá-las tem acento ( penso eu)
-abrangi a plateia num "longo" abraço "com" meus braços inexistentes.

E porque não agora tentares escrever um pequeno conto com este início tão brilhante?

BooHoo

Pinky disse...

Olá outra vez,

Também já reformulei o meu texto...e em breve vou colocá-lo aqui para vossa análise e apreciação...

kiss kiss
Ana

Lobo das Estepes disse...

já enviei uns 12 reparos a este texto, eheheh. sou tão mau!

CIGANA disse...

Obrigado Ana. As tuas sugestões são boas. Vou ponderar. A ideia de escrever um conto sobre o ilusionista não é má ideia, embora tenha em mente já outro tipos de contos, mas vou anotá-lo no meu caderno de escritor para mais tarde :)


Pedro, onde estão os teus 12 reparos? Ainda não vi nada. Sim, és mau, passas tudo a pente fino LOL! Não te escapa nada não é? nem uma vírgula :P

Lobo das Estepes disse...

| Aqui vai o meu trabalho.
| Fico á espera dos vossos comentários :)


ah! :D

afinal não és tao velhaca quanto pareces! ahahahah

li o teu novo ilusionista, MUITO MELHOR!
com princípio, meio, fim. chegamos a sentir empatia pela personagem.

mas não está perfeito:

1) "Fiquei apavorado apesar de as luzes me ofuscarem"

percebo a tua ideia, mas não me parece que esteja bem explicada. dito assim, até parece que as luzes contribuem para o pavor, porque ofuscam.

eu diria algo como: ... apavorado, não obstante a iluminação do espaço mergulhar a plateia numa penumbra anónima e silenciosa.

2) "O choque na sala era tão intenso que quase se ouvia a respiração e o horror espelhado nos olhos"

choque? pq nao: ambiente, suspense

gosto muito pouco do "quase ____"
fica mais forte se disseres que se ouvia o respirar. além disso: ouvia a respiração e VIA o horror espelhado, right?

3) "O coração começou a bater apressado no peito"

hum... where else...?

4) "Tinha que fazer algo"

tinha DE fazer algo (descubra a diferença)

5) "Dobrei-me e retirei duas bolas multicolores"

retiraste? presume-se imediatamente que seria com as mãos... mas se as mangas estão vazias...

6) "Seja como for, não podia falhar. Afinal esta era a minha oportunidade"

gostei! :D

7) "Lancei o lenço ao ar"

novamente, lançaste como? explica, MOSTRA, como o fizeste, já que não tens mãos... tadinho :p

8) "E com um rápido trocadilhos de pés"

eu retirava o "E" inicial.

trocadilho, singular.
gosto da imagem!

9) "A ilusão perfeita criada apenas por gestos rápidos"

nao sei se ficaria melhor: com gestos rápidos

10) "Rodopiei o pé"

não sei se gosto... do p/p... mas ok, passa :p

11) "A plateia rebentou numa onda de aplausos. Fechei os olhos. Deixei-me envolver pelo rugido da sala"

muito bem, e o pormenor, clássico, de entregar as flores à moçoila triste, tb me agrada.

12) "E num último gesto"

retira o "E", não?

13) "largo abraço dos meus braços inexistentes"

a ideia é bela, mas a sonoridade da frase.. não sei...

14) "Afinal os braços não eram assim tão importantes. O que contava mesmo era a ilusão"

tlvez não ficasse pior esta frase no presente.. é apenas uma ideia...

seja como for, melhorou!
obrigado por não desistires do meu Márcio! **

Adenda:

durante o jantar lembrei-me duma coisa:

não era bonito se o Márcio entregasse as flores, não a uma jovem de olhos tristes, mas antes a uma mulher de olhos tristes... e com cancro de mama? e lhe mostrasse que afinal
vale a pena lutar e continuar?

aposto que ainda se casavam e seriam felizes para sempre. bom... até ela, num passa mágico, o matar, com inveja da força e do sucesso internacional do "mágico sem braços".

CIGANA disse...

Pois, só podia vir de ti ;-)
Aqui tens a minha resposta:


"1) "Fiquei apavorado apesar de as luzes me ofuscarem" - a ideia é mesmo dar o sentido de pavor. Aquele pavor que sentimos quando estamos em frente do público. O público esperava outra coisa e quando as cortinas se abriram viram outra, Márcio entendeu isso e ficou mesmo "apavorado". As luzes aqui funcionam como um defesa do Márcio, porque lhe ofuscam a vista e não pode ver bem a plateia.

"2) "O choque na sala era tão intenso que quase se ouvia a respiração e o horror espelhado nos olhos"

choque? pq nao: ambiente, suspense." - Sim Choque. A audiência ficou chocada quando viu um ilusionista sem braços.

3) "O coração começou a bater apressado no peito"

hum... where else...? - OK, concordo contigo, "o peito" é redundante, posso tirar :)

4) "Tinha que fazer algo"

tinha DE fazer algo (descubra a diferença)- OK, posso usar DE em vez de QUE, embora eu ache que o QUE neste caso era uma necessidade, uma urgência, tinha mesmo QUE fazer.. sabes.. mas o DE também fica bem.

) "Dobrei-me e retirei duas bolas multicolores"

retiraste? presume-se imediatamente que seria com as mãos... mas se as mangas estão vazias... - Correcto. Era essa mesmo a intenção, o leitor pensar uma coisa e afinal terá que usar a imaginação para saber como é que o Márcio RETIROU as bolas (e não foi com as mãos) -- repara, se ele se DOBROU, com é que as retirou?? ;-)

6) "Seja como for, não podia falhar. Afinal esta era a minha oportunidade"

gostei! :D - Obrigado :D

7) "Lancei o lenço ao ar"

novamente, lançaste como? explica, MOSTRA, como o fizeste, já que não tens mãos... tadinho :p - Novamente tenta imaginar uma pessoa sem mãos lançar um lenço ... essa é a intenção, por o leitor a imaginar He he he

8) "E com um rápido trocadilhos de pés"

eu retirava o "E" inicial. - OK, eu retiro o "E", não faz diferença.

trocadilho, singular. - Sim já sei e já corrigi, foi um lapso meu de escrita :(

gosto da imagem! - Obrigado :D

9) "A ilusão perfeita criada apenas por gestos rápidos"

nao sei se ficaria melhor: com gestos rápidos - Ok, posso mudar para "COM" é uma questão de fonética, acho...

10) "Rodopiei o pé"

não sei se gosto... do p/p... mas ok, passa :p - Ha! Mas eu gosto. Gosto da imagem mental de se ver um pé a rodopiar, diz lá se não é giro ;-)

11) "A plateia rebentou numa onda de aplausos. Fechei os olhos. Deixei-me envolver pelo rugido da sala"

muito bem, e o pormenor, clássico, de entregar as flores à moçoila triste, tb me agrada. - Obriado :D

12) "E num último gesto"

retira o "E", não? - Já vi que não gostas dos meus "E" ... OK, eu retiro...

13) "largo abraço dos meus braços inexistentes"

a ideia é bela, mas a sonoridade da frase.. não sei... - Eu gosto desta frase. A Ana sugeriu "longo" em vez de "largo" mas eu gosto da ideia "largo" estás a ver... ele não tinha braços portanto o "largo" torna quase como impossivel ele abraçar.

14) "Afinal os braços não eram assim tão importantes. O que contava mesmo era a ilusão"

tlvez não ficasse pior esta frase no presente.. é apenas uma ideia... - Sim, posso passa-la para o presente, uma vez que está tudo escrito no presente,

Acho a ideia do Marcio dar as flores a uma "mulher dos olhos tristes" que tinha cancro da mama -- e depois podia-se combianar as duas histórias e por a tua mulher que acha que a vida já não tem sentido, e que espera apenas a morte, a viver um romance com o meu ilusionista sem braços. O Márcio pode voltar a dar-lhe vontade de viver, ela curar-se do cancro e depois casarem até.. porque não? Acho giro :))

Lobo das Estepes disse...

4) "Tinha que fazer algo"

ter que vs ter de

Empregamos "tem que", quando antes do que se subentendem palavras como as seguintes: algo, coisa, coisas, etc.: «Tenho hoje muito que fazer».

Empregamos "tem de", quando se subentendem palavras como necessidade, precisão, desejo, obrigação antes da preposição de: «Tenho de partir», isto é, «Tenho necessidade de partir».

in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

5) e 7) neste ponto do texto não me parece que o leitor já tenha descoberto que o Márcio não tem braços, só isso...

CIGANA disse...

OK! Então, será o DE e não o QUE :)

em relação ao ponto 5) e 7) - entendo a tua ideia, mas o que eu pretendo é mesmo por o leitor a imaginar alguém fazer truques de magia sem braços. Mas vou pensar nas tua sugestão. É bastante válida..