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13 janeiro 2011

A francesa...



Sentou-se delicadamente, cruzando as pernas e pousando os sacos num amontoado brilhante e multicolor. Deviam estar cheiinhos de presentes para a família, o animal de estimação, as amigas mais próximas e os arredores do seu roupeiro. Tinha um ar todo fino e requintado, mas satisfeito, ou não estivesse de barriguinha cheia das compras nas lojas duty free.
Roía as unhas como um se fosse um esquilo a descascar uma bolota e a ponta branca era fruto da manicure francesa, já gasta. Observava os passageiros do aeroporto, como se estivesse no último andar da Torre Eiffel. O seu olhar era azul metálico, carregado de rímel azul-escuro, e o risco, estilo Cleópatra, estava bem delineado. O cabelo era ondulado, carregadinho de tinta loira, mas o tom até nem era dos mais berrantes. No entanto, não deixava de ser piroso. As botas de cano alto, cheias de aplicações e enfeites em feltro, pareciam uma árvore de Natal enfeitada por uma criança. As mulheres olhavam para ela com inveja e os homens, lançavam-lhe um olhar felino, com segundas e terceiras intenções. A menina negra parecia admirá-la e o Mr. Mistério, por detrás dos seus óculos escuros, magicava com toda a certeza uma forma de a abordar. Eu estava a ficar enjoada com o cheiro do perfume da senhora. Em breve, ia com certeza, transformar-me em bacalhau da Noruega... Estava há três horas à espera do voo para Londres, onde ia dar mais uma palestra acerca de motivação e coaching. Estava delirante, pois era uma oportunidade fantástica de expandir a minha empresa. Mal pensei no meu encontro com o meu querido detective Poirot, toca o telemóvel da francesa e deita por terra as minhas pertenções de leituras christianas. A senhora toda fina, vinha de França de certeza, ou não tivesse ela, uma t-shirt preta, bem justinha, com o típico estampado de letras brilhantes e o coração no meio, que diziam: "I love Paris." Foi o fim do meu sossego livresco, pois a francesa não se calou mais ao telemóvel, durante uma hora. “Que teria aquela árvore de Natal francesa para contar, durante uma hora...e ainda por cima em Francês, a língua que me arranha os ouvidos.” Mas o pior de tudo foi o desfile de moda que ela fez durante essa hora, zumbindo de um lado para o outro, como se fosse uma abelha, mesmo à minha frente. O Mr. Mistério estava deliciado, e todos os os machos men paravam para a admirar nas suas jeans Levi´s, super justinhas. A menina negra começou a imitá-la, mas  a mãe depressa a  proibiu. Resolveu ficar amuada a observá-la.
"Que irritante era tudo aquilo!" – pensei – " e o perfume era tão enjoativo...ai, ai...eu já me estava a passar!"
Felizmente anunciaram que o voo para Londres ia partir daí a dez minutos. Fiquei aliviada…até me aperceber, quando me sentei no avião, que o raio da francesa estava sentada mesmo ao meu lado. "Oh, não, vou morrer sufocada com esta snobe!"- pensei eu...mas de repente, ela perguntou-me o meu nome...


Se calhar vou continuar esta ideia...daqui a dias...vamos ver...depende da disposição..gostei desta ideia dos aeroportos...mas acho que o meu narrador está na 1.ª pessoa...apesar de falar da personagem na 3.ª...fiquei um pouco confusa, mas era esta a perspectiva que queria dar...não se se era bem isto que se pedia...


5 comentários:

Pinky disse...

Que acham desta personagem? Gostavam de a conhecer melhor? Digam coisas...

Lobo das Estepes disse...

lol, não. é irritante e supérflua. espero que ela morra! :p

de facto pedia-se narrador na 3a pessoa. o importante é perceberes a difrença, e saberes usar as duas formas. o resto são detalhes.

Pinky disse...

Sei as formas verbais...como é óbvio e as pessoas...mas achei por bem, ser eu o passageiro que observava a mulher...oh pahh...personagens destes, são irritantes por fora, mas às vezes muito humanas por dentro...nunca se sabe...mas pelos vistos consegui passar a imagem que ela é irritante e superfúla...e era isso que pretendia...:)))

CIGANA disse...

Concordo com o Pedro. A personagem é irritante e superféfula.

A descrição é boa, embora eu preferisse parágrafos mais curtos para se ler melhor.

O exercício em si -- desde que precebas a diferença em saberes usar as duas formas (1a e 3a pessoa) sem misturar as duas, penso que o resto não importa muito.

Podes desenvolver a história, se quiseres, embora esta não fosse o tipo de pessoa que eu quisesse conhecer LOL

Pinky disse...

Thanks pelos comentários Esmeralda...são sempre bem vindos...

A questão dos parágrafos curtos dá que pensar...mas penso que nem sempre o que é curto que se lê melhor...olha o Saramago...frase longas, com poucas pausas, mas ele é diferente...claro...

Acho que o equilíbrio será o ideal...nem muito curto, nem comprido...vamos treinando e vendo as melhorias...

Ninguém quer conhecer a francesa...lol...tadinha...pode ser que com uns desenvolvimentos na história, ela se torne mais interessante...quem sabe...