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18 janeiro 2011

Promessa e Oração

Amor,


na primeira vez em que nos deitarmos juntos, vou aninhar-me recém-nascido entre as tuas Pernas, a cabeça pousada no teu Ventre morno. Embalado pelo teu pulsar vindo do fundo, vou amadurecer a Loucura e a Ternura, sem as quais não se pode Voar. O Cheiro do teu Sexo, ali tão perto e tão quente, vai entrar-me a jorros pelos Poros e alimentar-me os Músculos famintos de vigor.


Nutrido, vou levantar-me e levar-te nos Braços até junto do Pórtico de Fogo. Entraremos de Mãos dadas no Jardim dos Prazeres. Ganharemos Asas e sobrevoaremos os pomares férteis onde as Árvores dançam e perfumam de âmbar o Ar acabado de lavar por uma Chuva mansa. Poisaremos num prado onde cada Flor é a prova viva e delicada de que nada é impossível.


Faunos e Anjos olhar-nos-ão sem inveja nem crítica quando nos deitarmos, esplêndidos e luzidios, no manto de Pétalas brancas que o Tempo, entretanto parado, estendera para nos receber. Pôr-me-ei sobre ti, possante e meigo. Receber-me-ás, fecunda, com o Dorso generoso afagado pelo Vento.


Inauguraremos, assim, a época da Cobrição.


Lobo das Estepes @ Janeiro de 2011

4 comentários:

FÁTIMA PAIS disse...

Afinal o amor ainda é o que era.
Sortuda a recipiente desta carta!

Pedro e o Lobo, livra-te de fazeres piadas com recipientes, livra-te de usares a palavra Tupperware!

Edera de Diana disse...

O original eu guardo aqui... sabes onde?
Aqui, onde como motor se faz a bombardear o liquido que corre pelos canais de vento e fogo, onde a bruma do amahecer sorri a cada letra colorida do teu poema...!

Edera de Diana disse...

Palavras que retratam o interior de uma emoção bonita, sentida.... de algo que desejas.... talvez por ambição, talvez por curiosidade, ou ambas... ou nenhuma, ou talvez amor, ou... apenas a epoca da cobrição, afinal aproxima-se a primavera...!
Se a primavera traz a epoca da cobrição... de onde surge o desejo da cobrição? de uma emoção sem duvida!
Quando palavras assim descrevem uma emoção de cobrição.... será que que é mesmo amor?
Não seria amor se nas petalas aromáticas do jardim dos prazeres não fizesses o teu poema e em rochas gigantescas essas palavras não gravasses...!
Um dia a brisa do mar será o correio, o vento o seu transporte e o sol o selo de uma carta retribuida dela!
E a lua sorrirá...

FÁTIMA PAIS disse...

Lindo texto, Edera!

E a lua sorrirá!