É justo saber também as razões do lobo
Quando cheguei ao local do crime, mastigando à pressa o terceiro donut, o cenário com que me deparei era o mais horrendo que alguma vez havia visto nos meus trinta e oito anos de carreira. Mal estrei na sala, um cheiro ácido e nauseabundo obrigou-me a tirar da algibeira o lenço manchado de café.
Três cabeças de criança, perfiladas em cima da mesa de jantar, fumegavam! Percorri rapidamente o espaço com o olhar, tentando perceber que tipo de monstro havia feito aquilo: sangue, imenso sangue pelo chão, algum nas parades; junto a uma das pernas da mesa, um amontoado de dedos; mas nada de símbolos ou escritos, nem velas, nem encenações — puro sadismo.
Dirigi-me ao uniforme de serviço:
— Temos os três porquinhos; alguma pista sobre o paradeiro do lobo?
novembro de 2010
banda sonora » Avrigus, "Overture"
2 comentários:
Adoro este texto! Espero pelas razões do lobo!
hum... vendo-to por dois euros! ok, troco por um pastel de nata, vá...
o lobo, cara amiga, tem razões que o próprio autor desconhece.
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