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Priberam » Palavra do dia

04 novembro 2010

ex.4 » parágrafo de abertura


É justo saber também as razões do lobo

Quando cheguei ao local do crime, mastigando à pressa o terceiro donut, o cenário com que me deparei era o mais horrendo que alguma vez havia visto nos meus trinta e oito anos de carreira. Mal estrei na sala, um cheiro ácido e nauseabundo obrigou-me a tirar da algibeira o lenço manchado de café.

Três cabeças de criança, perfiladas em cima da mesa de jantar, fumegavam! Percorri rapidamente o espaço com o olhar, tentando perceber que tipo de monstro havia feito aquilo: sangue, imenso sangue pelo chão, algum nas parades; junto a uma das pernas da mesa, um amontoado de dedos; mas nada de símbolos ou escritos, nem velas, nem encenações — puro sadismo.

Dirigi-me ao uniforme de serviço:
— Temos os três porquinhos; alguma pista sobre o paradeiro do lobo?

novembro de 2010


banda sonora » Avrigus, "Overture"

2 comentários:

FÁTIMA PAIS disse...

Adoro este texto! Espero pelas razões do lobo!

Lobo das Estepes disse...

hum... vendo-to por dois euros! ok, troco por um pastel de nata, vá...

o lobo, cara amiga, tem razões que o próprio autor desconhece.